A hipertensão arterial, popularmente chamada de pressão alta, é a doença que mais mata no mundo. É silenciosa, podendo não apresentar nenhum sintoma, e acomete um em cada quatro brasileiros. Um problema de saúde pública que se agrava com a falta de informação e prevenção.

Considera-se hipertensa a pessoa que tem a pressão arterial acima de 14 por 9 (140mmHg X 90mmHg). Esse valor é o limite entre a normalidade e a hipertensão. Segundo o cardiologista João Batista Alecrim Júnior, para se ter certeza do valor apresentado, é preciso que a pressão seja medida três vezes dentro de dois minutos. Ele afirma que os índices podem variar muito dentro do limite da normalidade, de acordo com as condições e estado emocional da pessoa. Quando se está no limite, não quer dizer que o paciente é hipertenso, mas é prudente realizar o mapeamento da pressão arterial, um exame que acompanha os índices apresentados pelo paciente num período de 24 horas.

A hipertensãopode atingir pessoas de qualquer idade e, quando não controlada, aumenta consideravelmente os riscos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto. A doença não tem cura e, por isso, o controle deve ser feito pelo resto da vida.

Entre as causas, a hereditariedade é responsável por 95% dos casos. Os outros 5% são causados, basicamente, por uma doença chamada síndrome de cushing e por um distúrbio que leva ao estreitamento da artéria renal. Quem tem diabetes também precisa ficar atento porque uma doença agrava a outra. Enquanto a hipertensão provoca o dilatamento das artérias, a diabetes vai lesando a sua parede interna. Assim, as duas juntas enfraquecem mais rapidamente as artérias, aumentando em cerca de 75% os riscos de trombose e embolia.

O aumento dos índices de colesterol e triglicérides também precisa ser acompanhado, pois ambos são fatores de risco para doenças do coração. O Dr. João Batista alerta que a recomendação atual é que se faça a dosagem a partir dos 4 anos de idade, para quem não tem histórico familiar de hipertensão, e a partir de 2 anos para quem tem riscos hereditários.

O tratamento da hipertensão se baseia no uso de medicamentos para o controle dos índices da pressão, acompanhamento médico periódico e cuidados com os hábitos de vida: evitar o excesso de sal, ter uma alimentação saudável, evitar a obesidade, praticar atividade física contínua e regular (40 minutos por dia, cinco vezes por semana) e, dentro do possível, evitar o estresse.

O acompanhamento médico periódico, principalmente para quem tem riscos por hereditariedade, e os hábitos de vida saudáveis são parte do tratamento da hipertensão e também a melhor forma de prevenir a doença. O Dr. João Batista salienta a importância de uma consulta bem feita, realizada no ambiente tranquilo do consultório e respeitando a periodicidade indicada pelo médico.

Com a experiência de 39 anos como cardiologista, o Dr. João Batista afirma que a doença exige disciplina do paciente, mas vale a pena investir no cuidado porque, da mesma forma que pode trazer graves consequências quando não tratada, o bom controle garante ao paciente qualidade de vida normal, sem complicações.