O sono é composto por quatro diferentes estágios de profundidade, que vão da transição entre a vigília ( que é o estar acordado) e a inconsciência, passando por fases mais profundas (estágios não REM, 1,2,3) e o estágio REM (do inglês, movimentos rápidos dos olhos), no qual ocorrem os sonhos e há relaxamento muscular muito acentuado. Para se ter um sono de qualidade, é preciso passar pelos quatro estágios em uma proporção adequada de tempo para cada um.

Segundo a pneumologista e especialista em sono, Dra. Regina Magalhães Lopes, a quantidade necessária de horas de sono varia de acordo com a idade. Em geral, um bebê pode dormir até 16 horas por dia, que vão diminuindo com o crescimento da criança. Na adolescência, a necessidade de sono passa para em torno de 10 horas. O adulto jovem precisa de uma média de 8 horas de sono e o idoso dorme em média 6 horas, o que pode ser pouco e provocar períodos de cochilos durante o dia. O número de horas pode variar, dentro da normalidade, de acordo com o perfil de cada um.

A quantidade de sono é muito importante, mas não é o suficiente para um sono restaurador. De acordo com a médica, se há algo que impeça a pessoa de atingir um dos estágios no tempo adequado, por exemplo, mesmo que ela durma por um longo período, não terá os benefícios gerados pelo sono.

A Dra. Regina afirma que diversos distúrbios podem prejudicar a qualidade do sono, sendo a síndrome da apneia do sono e a insônia os mais prevalentes. Entre os menos comuns, a médica cita o sonambulismo, pesadelos, distúrbio comportamental do REM, movimento periódico de membros em sono, paralisia do sono e outros.

A apneia obstrutiva do sono é uma doença respiratória, que faz com que a pessoa pare de respirar várias vezes durante o sono, levando o cérebro automaticamente a despertá-la para voltar a respirar, deixando o sono em estado superficial e muito fragmentado. O principal sintoma noturno da apneia é o ronco e diurno, a hipersonolência. A sua principal causa, segundo a Dra. Regina, é a obesidade.

Já a insônia se caracteriza pela dificuldade de iniciar o sono ou se manter dormindo e também pelo despertar precoce. Ela pode ser aguda ou crônica e, pode ser desencadeada por situações vividas como traumas ou condições que abalam emocionalmente a pessoa. A insônia também pode ter componente genético.

Quem não dorme bem, seja por algum distúrbio ou pelo ritmo de vida, vive um grande sofrimento, ressalta a pneumologista. A pessoa entra num estado de privação de sono, cujos sintomas podem trazer consequências graves em curto e longo prazo. Entre eles, a hipersonolência diurna (sono excessivo em momentos fora do habitual) pode ser uma causa importante de acidentes de trânsito. A privação do sono também pode gerar comprometimento da memória recente e antiga, déficit de atenção, perda da libido e impotência, oscilação de humor e irritabilidade, fadiga crônica, depressão e até contribuir para casos de demência.

A Dra. Regina alerta para a importância de identificar e tratar os distúrbios do sono para evitar suas consequências e garantir melhor qualidade de vida. Pessoas que roncam muito ou apresentam um dos sintomas citados devem buscar assistência médica adequada para avaliar a qualidade do seu sono.