As principais substâncias do nosso organismo geradoras de bem-estar, a serotonina, a endorfina, a dopamina e a ocitocina, são neurotransmissores produzidos pelos neurônios e têm a função de enviar informações para outras células do corpo. Essas substâncias participam da química cerebral e cada uma desempenha um papel diferente.

Segundo a Dra. Luciana Araújo Teixeira Martins, médica do trabalho e coordenadora do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional da Copasa (PCMSO), dependendo de cada momento da vida, um neurotransmissor pode agir de forma mais prevalente que o outro, mas todos devem estar presentes no organismo em quantidade ideal. Quando a química cerebral está bem equilibrada, ela gera a sensação de bem-estar e aumenta a capacidade da pessoa de lidar com as tensões da vida.

 

A médica salienta que existem ações simples que podemos fazer na prática do dia a dia, sem estímulo medicamentoso, para impulsionar a produção desses hormônios de forma saudável.

ENTENDA COMO AGEM E COMO ATIVAR OS “HORMÔNIOS DA FELICIDADE”

 

Serotonina

 

É um neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar, é o “hormônio da felicidade”. Ela ajuda a manter a saúde mental, auxilia na regulação do apetite, sono, libido, ansiedade, tem um papel importante na regulação do humor e está muito ligada ao trato intestinal.

De acordo com Rayane Benfica, nutricionista da clínica do Programa Integração Saúde, em Contagem, a serotonina é ativada, principalmente, pela alimentação, através de fontes que contêm triptofano: aveia, banana, cacau (o chocolate 70% é uma boa opção), castanhas, ovo, carne e outros alimentos proteicos ou que contenham vitaminas do complexo B (confira ao final da página, uma receita prática da nutricionista para incluir o triptofano na dieta).

Além da alimentação, tomar sol, meditar e fazer atividades relaxantes e prazerosas também estimulam a produção da serotonina.

 

 

Cautela no consumo de carboidratos e açúcar:  a nutricionista explica que baixos níveis de serotonina estão relacionadas ao aumento da vontade de ingerir doces e carboidratos. Embora sejam importantes, é sempre melhor preferir carboidratos complexos e de alimentos saudáveis, como frutas e cereais integrais, e evitar o açúcar.

O consumo excessivo de açúcar provoca hiperatividade cerebral e mudanças de humor. Além disso, após um pico de açúcar, ocorre uma queda repentina, gerando uma baixa de energia, podendo causar tristeza, ansiedade, entre outros sintomas.

 

Endorfina

É o “hormônio do prazer”. Tem um poder de analgésico, causando uma sensação euforizante. Está intrinsecamente ligada à prática de atividade física. Além disso, cantar, dançar, cultivar pensamentos positivos, relembrar bons momentos, dormir bem, tomar sol, sair com os amigos também ajudam a liberar a endorfina.

A produção de endorfina também pode ser estimulada com o consumo de alimentos como chocolate, pimenta, aveia, sementes de abóbora e de girassol.

A fisioterapeuta da área de Promoção da Saúde da Copasa, Aline Lacerda, explica que o exercício físico, principalmente o aeróbico, como a caminhada, corrida, andar de bicicleta, liberam com mais facilidade a endorfina, além de diminuir a irritação e o estresse. “Apesar do cansaço, isso vai causar aquela sensação de bem-estar e prazer.” Aline ressalta que o exercício físico precisa ter um gasto energético, frequência e duração para ativar os benefícios de forma duradoura.

 

 

Dopamina

 

Conhecida como “hormônio da motivação”, na verdade é um neurotransmissor presente na regulação de processos motivacionais. Tudo que nos impulsiona a alcançar objetivos tem o papel da dopamina. Ela é liberada por estímulos externos como criar e superar metas, ouvir músicas agradáveis, momentos de prazer de uma forma geral. Praticar atividade física e tomar sol também são estimulantes.

A nutricionista Rayane acrescenta que a produção de dopamina não está tão diretamente ligada aos alimentos, mas compostos antioxidantes podem favorecer o aumento da liberação. São exemplos os alimentos ricos em vitamina C, como laranja, acerola, goiaba, e os que contêm betacaroteno como abóbora, cenoura, laranja.

 

 

 

 

Ocitocina

 

 

É chamada de “hormônio do amor” porque tem um papel fundamental na construção de laços e nas relações em geral. É produzida no parto, na amamentação e durante o orgasmo. Provoca sensação de segurança, calma e ajuda a controlar a ansiedade. Abraçar pessoas queridas, ter um convívio familiar saudável, encontros agradáveis com os amigos, gargalhar e o ato sexual são situações em que a ocitocina é liberada. Tomar sol e ter momentos relaxantes também auxiliam na produção.

Para Alessandra Gomes de Paula, psicóloga da Unidade de Serviço de Saúde e Segurança do Trabalho da Copasa (USSS), a ativação de hormônios como a ocitocina é uma parte importante do cuidado com a saúde mental. “É um círculo virtuoso, pois o fortalecimento do afeto, das relações pessoais, aumenta a produção da ocitocina, que gera bem-estar e faz com que a pessoa se sinta mais à vontade para cuidar bem das suas relações”.

 

 

HORMÔNIOS NATURAIS X DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Tanto a falta de um hormônio quanto o aumento exagerado na sua liberação, geralmente causado pelo uso abusivo de drogas e álcool, vão gerar desequilíbrio no organismo, explica a médica Luciana Martins.

O uso de drogas faz com que seja liberada uma quantidade excessiva de dopamina, por exemplo, gerando uma grande e imediata sensação de prazer. Quando passa o efeito da droga, o corpo quer manter a sensação, mas não consegue, buscando doses cada vez mais altas. Infelizmente, segundo a médica, o estímulo à produção dos hormônios de maneira saudável não consegue jamais atingir os níveis liberados pela droga, tornando-se insuficiente para suprir a necessidade de um dependente químico. 

Mesmo assim, para a pessoa que está em tratamento, o estímulo à produção natural dos hormônios é essencial e auxiliar, aliado ao atendimento psiquiátrico e medicação. A prática de atividade física, por exemplo, traz muitos benefícios. A fisioterapeuta Aline ressalta que a sensação de bem-estar gerada pela droga é momentânea. Mas se uma pessoa dependente química consegue fazer exercícios com regularidade, a endorfina liberada naturalmente vai aliviar o estresse e o desconforto, trazendo uma sensação de bem-estar mais duradoura.

 

TUDO É QUESTÃO DE EQUILÍBRIO

Os profissionais que atuam pela saúde física e mental concordam que a produção de hormônios, independente de qual, é equilibrada por uma rotina de vida saudável. A exposição ao sol, alimentação adequada, prática de exercícios físicos, a meditação e as relações interpessoais são fontes indispensáveis de saúde e bem-estar.

Mas não há hábito, nem hormônio milagroso e suficiente por si só. A psicóloga Alessandra conclui que sempre é necessário equilibrar o cuidado com a saúde física, emocional e social para alcançar qualidade de vida e a tão desejada felicidade.

 

RECEITA: “BOLINHO DA FELICIDADE”

Rendimento: 1 porção.

Ingredientes:

Banana - 1 Unidade média

Aveia em flocos / farelo – 1 e 1/2 Colher de sopa cheia

Ovo - 1 Unidade média

Fermento químico em pó - 1 colher de chá

Cacau em pó - 1 colher de sobremesa cheia

Castanhas quebradas – 1 colher de sobremesa

Chocolate 70% cacau (opcional) – 2 quadradinhos

Preparo: misture todos os ingredientes em uma caneca ou bowl e leve ao micro-ondas por 2 a 3 minutos.

Você pode colocar o chocolate 70% no centro da massa ou derreter e colocar como cobertura.