De acordo com os resultados de um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para verificar os impactos da pandemia na vida da população brasileira, as pessoas estão comendo menos alimentos in natura e consumindo mais alimentos processados, doces e bebidas alcoólicas.

O estudo revelou queda no consumo de legumes, verduras e frutas, principalmente entre adultos jovens. Por outro lado, durante a pandemia, o percentual de consumo de alimentos não saudáveis como os embutidos, hamburgueres, produtos congelados, chocolates e doces aumentou. Outra questão relevante da pesquisa é o aumento do consumo de bebidas alcoólicas, que foi associado pelos entrevistados à frequência em que se sentem tristes ou deprimidos.

Entre os diversos motivos para a piora dos hábitos alimentares da população, destaca-se o medo de exposição ao novo coronavírus, que tem feito com que muitas famílias prefiram comprar maior quantidade de alimentos industrializados, que podem ser estocados em casa por mais tempo.

O grande problema dessa opção, segundo o agrônomo e ex-chefe da agência da ONU para Agricultura e Alimentação,  José Graziano da Silva (em entrevista à BBC News Brasil), é que o consumo de produtos  que tendem a ser mais calóricos e menos nutritivos pode, no médio prazo, acabar deixando uma  pessoa que se contaminou pela covid-19 mais vulnerável a adoecer pela doença.  Ele alerta para os riscos de complicações das doenças crônicas  e aumento da obesidade, que é considerada um dos fatores de risco para quadros graves da covid-19.

Uma dieta baseada em  alimentos ultraprocessados, ou seja, rica em calorias, sal, açúcar, aditivos químicos, corantes, conservantes e gorduras, aumenta o risco de deficiência nutricional, além de estar associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial e outras doenças crônicas.

O cenário atual apresenta uma realidade conflitante, pois se a pandemia tem piorado os hábitos alimentares, ela própria demanda um cuidado redobrado não só com a higiene, mas também com a alimentação. Este é o momento de investir em boas condições nutricionais, através do consumo adequado de alimentos saudáveis,  para contribuir para o fortalecimento do sistema imunológico, para a manutenção e a recuperação da saúde. 

A recomendação, principalmente agora, é dar preferência à aquisição de alimentos in natura ou minimamente processados, que devem ser higienizados adequadamente e usados como base das preparações culinárias caseiras. Planejar as refeições com mais cuidado contribui para a manutenção de uma rotina alimentar adequada e saudável e ajuda a evitar os alimentos industrializados.

É possível reverter esta situação e mudar a forma como enfrentamos a pandemia, usando as condições atuais para investir em hábitos melhores, ainda mais saudáveis do que antes. Além da qualidade da alimentação, é importante ficar atento para evitar o consumo excessivo de alimentos e o comportamento sedentário e cuidar da saúde emocional.

Fontes:

Portal Saúde Brasil – Ministério da Saúde

Universidade Federal de Minas Gerais

BBC News Brasil