De acordo com o Dr. Ednei Pereira Guimarães, pneumologista do Instituto Orizonti, credenciado da Copass Saúde, felizmente, hoje há opções de tratamento da asma muito mais adequadas que há poucas décadas. Por isso, os quadros graves vêm diminuindo. Além disso, melhoraram também as condições de inibição dos fatores desencadeadores em casa e no trabalho. As pessoas estão melhor informadas em relação aos cuidados preventivos e várias ocupações que antes expunham o trabalhador a condições desfavoráveis oferecem maior proteção quanto aos riscos. Dados epidemiológicos mostram que, em uma década, o número de internações por asma no Brasil caiu 49%.

A asma causa a inflamação das vias aéreas ou brônquios. O pneumologista explica que é uma doença crônica e geneticamente determinada, ou seja, a doença se repete em família. “Não temos ainda um marcador que determine a propensão de uma pessoa para desenvolver asma, de acordo com seu perfil familiar. Só a partir do momento em que os sintomas se manifestam é que é possível intervir.” Mas a exposição a fatores ambientais também é relevante para o desenvolvimento da doença.

Gatilhos da asma e sintomas

A exposição a ácaros, fungos, pólens, pelos de animais, fezes de baratas, fumaça de cigarro, infecções virais, ar frio e seco podem desencadear ou piorar quadros de asma.

Geralmente, a doença aparece na infância, mas a pessoa pode manifestá-la até quando já está idosa. Os sintomas são tosse que se repete, chiado, falta de ar ou dificuldade para respirar, sensação de aperto ou peso no peito.

O caráter da doença varia muito em cada paciente e de acordo com as condições ambientais a que ele se expõe. Segundo o médico,  as pessoas costumam associar a asma a uma doença grave, que leva o paciente a procurar o hospital com frequência. Mas não é bem assim. Há pacientes que são graves e têm de conviver com as crises por toda a vida (cerca de 5% dos casos). Outros têm a doença de forma mais leve ou moderada, com sintomas mais brandos.

Não tem cura, mas tem controle

A asma é cíclica. O Dr. Ednei salienta que há períodos em que há remissão e os sintomas desaparecem, o que engana as pessoas, que pensam que estão curadas. Mas, assim como a hipertensão ou diabetes, que são crônicas, e podem ser controladas, a asma não tem cura. Ela pode se manifestar novamente em qualquer fase da vida, dependendo dos fatores externos. O tabagismo, por exemplo, é um fator de risco associado para desencadear a asma e precisa ser cuidado.

O outono e o inverno no Brasil são períodos mais críticos e de maior atenção para os asmáticos. O ar seco e frio é irritante para as vias respiratórias, o que pode desencadear crises. Além disso, as viroses que são mais comuns nessa época do ano também podem contribuir para a manifestação da doença.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico se baseia na avaliação dos sintomas, histórico familiar e condições ambientais em que o paciente vive. A confirmação da doença, contudo, é feita através da espirometria, exame de sopro que mede se há redução na capacidade respiratória do paciente, de acordo com características do seu perfil como sexo, idade, altura, peso.

O tratamento e a prevenção andam juntos, pois o objetivo é evitar as crises. Isso é feito com medicação, que pode ser contínua de acordo com a gravidade da doença, e cuidado das condições ambientais.

De acordo com o pneumologista, grande parte dos pacientes (mais de 50%) não adere ao tratamento contínuo da asma. O médico acredita que isso se dá por negação da doença, por uma falsa ideia de que é possível viver sem o medicamento quando os sintomas desaparecem, e por medo de efeitos adversos. Por ser à base de corticoides, existem muitos tabus em relação ao tratamento medicamentoso contínuo da asma.

“As pessoas pensam que o uso vicia, que faz mal para o coração, entre outros males. Mas o medicamento é inalatório e as doses são baixíssimas, não gerando efeitos colaterais", afirma o Dr. Ednei. Além disso, os dispositivos utilizados para a inalação, conhecidos como bombinhas, também estão cada dia mais evoluídos e práticos de usar.

 

 

Asma e covid-19

No começo da covid-19, o mundo inteiro incluiu a asma como parte do grupo de risco. Ao longo da pandemia, percebeu-se que os asmáticos não estavam entre os mais afetados pela doença, como os idosos, obesos, diabéticos e cardíacos. Assim, a asma passou a não ser mais considerada como uma condição de maior risco para a covid. Segundo o Dr. Ednei, a explicação pode estar no fato de que a maioria dos asmáticos são pessoas jovens e saudáveis e a doença, estando bem controlada, não afeta a imunidade. Daí a importância de manter os cuidados preventivos e o tratamento adequado.

Para o médico, um fato que chamou a atenção durante a pandemia foi que aumentou a adesão ao tratamento para controle da asma, devido ao medo de complicações na contaminação por covid. Com o controle adequado, aliado às medidas de proteção contra infecções virais, como uso de máscara e isolamento social, o que se observou foi uma redução dos quadros de crise da doença.

Fontes:

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

Associação Brasileira de Asmáticos

Associação Brasileira de Alergia e Imunologia

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