O período sazonal das viroses respiratórias na infância ocorre no outono e inverno no Brasil, entre os meses de abril a agosto. As doenças que guardam relação com mudanças climáticas são, na maior parte das vezes, as infecciosas, causadas por vírus e, em segundo lugar, por bactérias. Nesta época, é comum crianças apresentarem quadros graves de viroses respiratórias por Influenza (vírus da gripe) e Vírus Sincicial Respiratório (VSR), embora o resfriado, que é parecido, porém menos grave que a gripe, seja mais frequente.

No ano passado, devido à pandemia do coronavírus, observou-se redução no número de casos de crianças com quadros leves dessas viroses, o que, provavelmente, foi ocasionado pelo isolamento social, que limitou a interação das crianças em ambientes de fácil contaminação, como em escolas e creches, por exemplo, além do uso de máscaras como barreira física para a transmissão interpessoal.

Mas não se pode descuidar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, por ano, a gripe, por exemplo, cause comprometimento grave em 3,5 milhões de pessoas, estando as crianças, principalmente as menores de dois anos, entre os grupos mais afetados, assim como os idosos e portadores de algumas doenças crônicas.

Entre os cuidados preventivos, o controle e tratamento de doenças respiratórias crônicas nesse momento, como asma e fibrose cística (mucovicidose) , são importantes. A exposição a qualquer vírus pode desencadear crises de asma e bronquite, por exemplo. Assim, se a criança já é portadora de uma dessas doenças de base, que não esteja bem controlada, nos períodos frios e secos ela pode ter crises mais acentuadas. A mesma recomendação vale para os processos alérgicos.

Considerando a pandemia, com quadro clínico muito parecido com qualquer virose respiratória, a possibilidade de covid-19, embora menos frequente na criança do que no adulto, deve ser sempre lembrada e avaliada.

As condutas diante das infecções respiratórias de origem virótica  são muito semelhantes. O que muda, nesse momento, é que qualquer pessoa com quadro respiratório deve ser vista como possível infectado pelo coronavírus e, com isso, um possível transmissor da doença. Independentemente da pandemia,  qualquer pessoa com sintomas respiratórios deve manter uma higiene adequada semelhante às recomendadas para a covid-19 e para qualquer outra virose.

Crianças com doenças respiratórias crônicas e processos alérgicos, caso não tenham acompanhamento médico regular, podem apresentar quadros de infecção virótica, inclusive de covid-19, mais graves, às vezes acompanhadas de infecções bacterianas em decorrência da redução dos mecanismos de defesa locais presentes no trato respiratório superior.

Para a criança com asma ou bronquite, que tenha alguma inflamação na via aérea, é muito importante manter as medicações prescritas de acordo com a  orientação médica.

Para proteger das alergias, principalmente as crianças maiores de cinco anos que têm comprovação de problemas respiratórios de base alérgica, deve-se cuidar dos possíveis riscos desencadeadores dentro de casa: manter os ambientes ventilados, deixar entrar o sol quando possível, trocar a varredura pelo uso de pano úmido na limpeza, lavar agasalhos e cobertores, evitar tapetes e cortinas de tecido, entre outros.  

Para as consultas médicas, o uso da telemedicina, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria, pode ser um recurso seguro neste momento. Para as crianças neonatais, no entanto, é importante o acompanhamento em ambulatório diante de situações de alerta que demandem vigilância por parte do pediatra e demais profissionais de saúde. Nesses casos, é necessário tomar todos os cuidados de higiene e prevenção como uso de máscaras e higienização das mãos, evitar aglomerações de crianças e acompanhantes em salas de espera, mantendo ambientes arejados, além do uso obrigatório de equipamentos de proteção por parte dos profissionais que realizam o atendimento.

Outro cuidado essencial é manter a vacinação em dia. Destaca-se, neste momento, a importância da vacina contra a gripe.  Todas as crianças devem estar vacinadas de acordo com o calendário preconizado pelo Ministério da Saúde  e pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

 

Fontes:

Fiocruz – Portal de boas práticas em saúde da mulher, da criança e do adolescente

Fiocruz – Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente

Sociedade Brasileira de Pediatria