Dificuldades visuais afetam cerca de 285 milhões de pessoas no mundo, de  acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o Censo Demográfico (IBGE 2010) identificou mais de 35 milhões de pessoas com algum grau de prejuízo da visão. O que mais chama a atenção é que a maioria dos casos, entre 60% e 80%, estão relacionados a patologias que poderiam ser evitadas ou tratadas.

A falta de hábito para o cuidado preventivo, aliada ao envelhecimento da população e mudanças no estilo de vida, favorece a progressão de doenças e reduz a eficácia dos tratamentos. Para a Dra. Vanessa Waisberg, médica auditora da Copass Saúde, “o exame oftalmológico preventivo é a primeira linha de defesa contra várias doenças oculares. A detecção precoce de  doenças como o glaucoma e a retinopatia diabética, por exemplo, evita a evolução para as formas graves. É recomendável que pessoas acima dos 50 anos e pessoas com fatores de risco, como a diabetes, realizem exame oftalmológico anualmente.”

Catarata, glaucoma, erros de refração não corrigidos, degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e retinopatia diabética são as principais doenças oculares que acometem a população no Brasil e no mundo. Veja como afetam a visão, suas causas e formas de evitá-las:

 

 

CATARATA

Principal causa de cegueira no mundo, ocorre pela opacificação do cristalino (lente transparente existente no olho), o que diminui progressivamente a visão. Na maioria das vezes, advém do processo natural de envelhecimento, em geral, a partir de 50 anos. Porém, fatores hereditários, traumas oculares, diabetes e uso de corticoides também podem provocar a doença. A catarata desenvolve-se lentamente e é reversível com cirurgia. Os sintomas mais comuns são embaçamento da visão, ofuscamento pela luz e dificuldade de enxergar com excesso ou pouca luminosidade. Para a prevenção, é indicado evitar o uso de colírios e outros medicamentos corticoides sem orientação médica, controlar a diabetes e manter a consulta regular ao oftalmologista, inclusive para os recém-nascidos.

GLAUCOMA

Causado pelo aumento da pressão ocular, que provoca lesões no nervo óptico e danifica gradativamente o campo visual. Afeta, de início, a área periférica, dificultando a percepção da perda de visão até chegar em fases mais tardias. Não causa dor ou qualquer outro sintoma, não tem cura e os danos gerados à visão são irreversíveis, sendo assim, uma das principais causas de cegueira total e definitiva no mundo. Mas é possível controlar seu avanço com colírios e medicamentos para baixar a pressão intraocular. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial. A prevenção passa por uma alimentação saudável e atividade física regular, além da consulta periódica ao oftalmologista.

ERROS DE REFRAÇÃO NÃO CORRIGIDOS

O erro ou vício refrativo acontece quando a luz não chega com nitidez à retina devido a problemas como tamanho do globo ocular, irregularidades na córnea ou opacidade dos meios ópticos. Os tipos mais comuns são miopia (dificuldade para enxergar de longe), hipermetropia (dificuldade para enxergar de perto e longe, dependendo da idade), astigmatismo (visão distorcida) e presbiopia (redução gradativa da visão para perto, que se manifesta, normalmente, após os 40 anos). Desconforto nos olhos, dores de cabeça e dificuldade de ler e focalizar objetos de perto ou de longe são os sintomas mais comuns. Para identificar os erros de refração e prevenir a piora da qualidade da visão é necessária a consulta regular ao oftalmologista, desde criança, para que seja feita a correção, geralmente com o uso de óculos ou lentes de contato.

DEGENERAÇÃO MACULAR RELACIONADA À IDADE (DMRI)

Doença que compromete a mácula (parte central da retina, responsável pela formação da imagem), produzindo uma mancha que prejudica a visão central. Os sintomas são visão turva, dificuldade de enxergar em luz baixa, visão distorcida e pontos pretos no campo de visão. É assintomática no início e, por isso, cerca de 80% dos diagnósticos são feitos em estágio avançado. A idade é um fator de risco importante para DMRI, que ocorre, frequentemente, após os 60 anos. Fatores hereditários e hábitos de vida contribuem para o aparecimento da doença e sua progressão. A prevenção inclui não fumar, praticar atividade física, se proteger do sol e manter uma dieta balanceada ou com complementação vitamínica.

RETINOPATIA DIABÉTICA

Ocorre quando o nível de glicose do diabético fica elevado por muito tempo, o que provoca lesão nos vasos sanguíneos da retina. Os sintomas variam de acordo com o estágio da doença, sendo os mais frequentes visão borrada, sensação de ver “moscas” voando e perda repentina da visão. A doença atinge mais de 75% dos diabéticos com mais de 20 anos, porém, quando diagnosticada em fase inicial, pode ser tratada com grande sucesso.

Para o tratamento e a prevenção, o mais importante é o controle rigoroso da diabetes e da pressão arterial. O acompanhamento de doenças crônicas é foco da Atenção Primária à Saúde (APS). As clínicas do Programa Integração Saúde, da Copass, estão à disposição dos beneficiários, garantindo um cuidado diferenciado. Saiba mais.

CUIDADO COM AS TELAS

Além das doenças oculares, o excesso de exposição às telas de aparelhos eletrônicos, cada vez mais comum, é motivo de grande preocupação dos especialistas. Ficar muito tempo em frente às telas pode causar ressecamento dos olhos, coceira, vermelhidão, cansaço visual, embaçamento da visão, dores de cabeça, distúrbios do sono, entre outros problemas.

As recomendações quanto ao uso adequado variam de acordo com a idade. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta que crianças menores de dois anos não devem ser expostas a dispositivos com tela e as maiores devem limitar o tempo em, no máximo, duas horas. Já a Sociedade Brasileira de Oftalmologia recomenda um limite de quatro horas diárias para os adultos, o que nem sempre é possível de acordo com o tipo de trabalho exercido. Diante disso, é importante adequar o brilho e o contraste das telas e fazer pequenas pausas para aliviar o desconforto visual e evitar o agravamento dos problemas oculares.