O transplante de órgãos é um procedimento bem-sucedido no Brasil.  Possuímos o maior sistema público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, responsável por cerca de 88% dos casos no país. Apesar do amplo volume de transplantes realizados, ainda é grande a quantidade de pessoas em lista de espera para receber um órgão.

Em todo o Brasil, mais de 40.800 pessoas aguardam por um transplante, sendo que a maioria, cerca de 37.500, precisa de um rim transplantado. Em Minas, em torno de 3.600 pacientes estão na fila de espera por doação de órgãos.

O número de doações poderia ser muito maior, mas a negativa familiar quanto à retirada de órgãos e tecidos de um ente falecido é um dos principais motivos que impedem a doação. Por isso, é fundamental que a pessoa que deseje ser um doador de órgãos deixe seus familiares cientes deste desejo para que autorizem, caso haja a possibilidade.

POR QUE SER UM DOADOR?

Quando não há mais o que fazer pela vida de um parente querido, transformar a dor da perda em um ato de solidariedade pode ser uma atitude reconfortante para a família. Muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que estão na fila de espera. Já a doação em vida é um ato de consciência e amor ao próximo, que permite ao receptor restabelecer sua saúde e retomar suas atividades normais. Todos os anos, milhares de vidas são salvas por meio desse gesto. Não pode haver nenhum ganho material pela doação, mas também não há nenhum tipo de custo para o doador de órgãos e tecidos ou para sua família durante o processo.

QUAIS ÓRGÃOS PODEM SER DOADOS?

Um único doador falecido pode dar vida nova a vários pacientes. Podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões. A doação de órgãos como o rim, parte do fígado, parte do pulmão e da medula óssea pode ser feita em vida.

TIPOS DE DOADORES

Doador em vida: deve ser uma pessoa em boas condições de saúde, de acordo com avaliação médica, para que possa doar o órgão ou tecido sem comprometer a sua própria saúde ou do receptor. Além disso, o doador precisa ser juridicamente capaz, pois a doação só pode ser feita com autorização judicial.

Doador pós morte encefálica: a morte encefálica é considerada na ausência de todas as funções neurológicas de forma permanente e irreversível. Nesses casos, não é possível reviver o paciente, mas seus outros órgãos ainda funcionam, possibilitando a doação. É preciso que o doador esteja hospitalizado e respirando com a ajuda de aparelhos, por isso,  pessoas que morrem fora do hospital não se enquadram nesse tipo de doação.

Quem não pode ser doador: as restrições não são absolutas, entretanto a doação pressupõe alguns critérios como ausência de doenças infecciosas ativas, tumores malignos (com algumas exceções), dentre outras condições que são analisadas cuidadosamente pelas equipes de transplante.

COMO SE TORNAR UM DOADOR?

Pela legislação vigente no Brasil, nenhuma declaração em vida é válida ou necessária e não existe um cadastro de doadores de órgãos. Também não são mais válidas declarações em documentos ou carteirinhas de doador.

Em caso de morte encefálica, somente a família pode autorizar a doação. Essa decisão é facilitada quando os familiares estão cientes de que a pessoa tinha a intenção de doar seus órgãos e/ou tecidos. Assim, para se tornar um doador pós-morte é preciso discutir o assunto, em vida, com a família. Quem tem um parente que deseja ser doador deve respeitar sua vontade.

No caso de doação em vida, a lei permite dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes, para cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau. Em outros casos, somente mediante autorização judicial, avaliação da Central de Transplantes e da Comissão de Ética do hospital, para descartar a possibilidade de comércio de órgãos. A exceção é a doação de medula óssea, que conta com o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). Para saber mais sobre os critérios para doação de medula óssea, clique aqui.

COMO FUNCIONA O SISTEMA NACIONAL DE TRANSPLANTES?

Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é responsável pela regulamentação e controle de todo o processo de doação de órgãos e transplantes realizados no país. O SNT monitora o Sistema de Lista Única, organizada por estado ou região e constituída pelo conjunto de potenciais receptores brasileiros ou estrangeiros residentes no país, inscritos para o recebimento de cada tipo de órgão, tecido ou célula.

Para entrar na lista de espera de transplante, o médico do paciente precisa cadastrá-lo. A lista única tem ordem cronológica de inscrição, sendo os receptores selecionados em função da gravidade ou compatibilidade sanguínea e genética com o doador. Os critérios variam de acordo com o órgão a ser transplantado e suas necessidades. Crianças têm prioridade quando o doador é criança ou quando estão concorrendo com adultos.

 

A EXPERIÊNCIA DE QUEM PÔDE VOLTAR A SONHAR

“Eu fui diagnosticada com leucemia mieloide aguda aos 17 anos, em 2019, e precisei passar pelo transplante de medula óssea. Meu irmão foi meu doador, somos 100% compatíveis. Ele me salvou!

Receber a notícia do diagnóstico não foi nada fácil, mas saber que havia uma chance, que um doador poderia salvar minha vida foi um grande alívio. O transplante foi a luz no fim do túnel, a esperança de que minha vida e meus sonhos não seriam tirados de mim.

Quem puder fazer o cadastro para doação de medula óssea ou tiver a oportunidade de doar órgãos ou tecidos, doe! Você não vai salvar apenas uma vida, mas uma família inteira, como a sua.”

Letícia de Freitas Ferreira, beneficiária da Copass Saúde que passou pelo primeiro transplante de medula óssea realizado pelo plano.