Por apresentarem alguns sintomas parecidos, os dois problemas são, muitas vezes, confundidos. Mas, de acordo com a Dra. Natália Menezes, médica da Atenção Primária do programa Integração Saúde, no Vale do Aço, são condições causadas por fatores diferentes e que precisam de diagnóstico e tratamento adequados para evitar complicações. Se não tratadas, tanto a gastrite quanto o refluxo podem gerar úlceras, estreitamento do esôfago (estenose) e tumores.

Apesar das semelhanças, as duas condições apresentam características distintas, que permitem um diagnóstico preciso.

 

GASTRITE

A gastrite é uma inflamação do revestimento interno do estômago. Pode ser aguda, quando aparece de repente e dura pouco, ou crônica, quando se instala aos poucos e permanece. Os casos agudos, em geral, têm um agente específico, como bactéria, vírus ou uso de medicações que irritam o estômago. Já a gastrite crônica é a mais comum e é associada ao estilo de vida, como alimentação inadequada, estresse e sedentarismo.

Dependendo de sua gravidade, a gastrite pode atingir a mucosa estomacal inteira ou apenas parte dela. Ela pode dar origem a uma inflamação mais intensa, chamada de gastrite erosiva, com destruição do tecido do estômago ou até evoluir com úlceras.

Principais causas:

  • uso prolongado de ácido acetilsalicílico e de anti-inflamatórios;
  • consumo de bebidas alcoólicas;
  • tabagismo;
  • infecção pela bactéria Helicobacter pylori;
  • gastrite autoimune, que ocorre quando o sistema imune produz anticorpos que agridem e destroem as células gástricas do próprio organismo.

É importante observar a relação entre a gastrite e o emocional. Nervosismo, estresse ou ansiedade não causam gastrite, mas podem estimular a produção de ácidos utilizados na digestão e tornar o organismo mais sensível à ação deles, agravando os sintomas da gastrite.

Sintomas:

  • indigestão;
  • azia;
  • dor de estômago intensa;
  • perda de apetite;
  • náuseas e vômito;
  • sensação de estufamento;
  • perda de peso;
  • presença de sangue no vômito ou fezes, nos casos mais graves.

 

REFLUXO

O refluxo é uma condição que se desenvolve quando o conteúdo presente no estômago refaz, de forma involuntária e repetitiva, o caminho para o esôfago, onde a mucosa não é preparada para lidar com substâncias ácidas e irritantes. Em alguns casos, pode chegar até a boca e as vias aéreas, provocando uma sensação desagradável, além de alterações dentárias, ou ainda afetar a laringe e os pulmões.

Principais causas:

  • alterações no esfíncter que separa o esôfago do estômago e que deveria funcionar como uma válvula para impedir o retorno dos alimentos;
  • hérnia de hiato provocada pelo deslocamento da transição entre o esôfago e o estômago, que se projeta para dentro da cavidade torácica;
  • fragilidade das estruturas musculares existentes na região.

Sintomas:

  • azia ou queimação que se origina na boca do estômago, mas pode atingir a garganta e a boca;
  • sensação de retorno de alimentos para a boca sem que haja vômito (regurgitação);
  • produção excessiva de saliva (sialorreia);
  • dificuldade e dor para engolir alimentos;
  • dor torácica intensa, que pode ser confundida com a dor da angina e do infarto do miocárdio;
  • tosse seca;
  • doenças pulmonares de repetição, como pneumonias, bronquites e asma.

 

TRATAMENTO

O primeiro passo, ressalta a Dra. Natália, é buscar ajuda médica para obter um diagnóstico preciso sobre o problema digestivo a ser tratado.

Dependendo do grau de gravidade de cada condição, o tratamento é feito com a introdução de medicamentos para reduzir a produção de ácidos no estômago e melhorar os fatores de proteção da mucosa, permitindo a diminuição da inflamação e cicatrização da mucosa. Em casos específicos, pode ser indicado tratamento cirúrgico.

A mudança de hábitos faz parte do tratamento

A forma como a pessoa se alimenta e o que ela come impacta diretamente na redução ou estímulo dos sintomas. É recomendado evitar alimentos que aumentem a produção de suco gástrico, como embutidos, frituras, café, bebidas gaseificadas, feijão, vagem, ervilha, condimentos picantes, alimentos com alta concentração de açúcar ou conservantes. O melhor é priorizar alimentos saudáveis, que facilitam a digestão, como frutas e vegetais frescos e  cereais integrais.

A prática de atividade física também é importante. Exercícios moderados liberam hormônios anti-inflamatórios que contribuem para inibir os sintomas provocados pela inflamação gástrica. Para quem tem refluxo, porém, é preciso pegar leve, pois alguns exercícios podem elevar a pressão dentro do estômago e, assim, potencializar os sintomas da doença.

 

CONFIRA 10 HÁBITOS QUE AJUDAM A EVITAR PROBLEMAS DIGESTIVOS:

  1. Respeite os horários das refeições.
  2. Prefira fazer pequenas refeições ao longo do dia a fazer uma grande refeição depois de muitas horas em jejum.
  3. Mastigue bem os alimentos, pois a digestão começa na boca.
  4. Dê preferência a frutas menos ácidas, verduras e carnes magras.
  5. Não se deite logo após as refeições.
  6. Fique longe do cigarro.
  7. Evite tomar analgésicos, bebidas alcoólicas e as que contêm cafeína.
  8. Procure perder peso.
  9. Não se automedique.
  10. Procure um médico e siga suas recomendações se tiver episódios repetidos de azia, má digestão e sensação de estômago cheio depois de ingerir pequenas porções de alimentos.