O Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, 28 de julho, alerta para a necessidade de ampliar a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. A Dra. Thaís Mendes Rodrigues, especialista em Medicina de Família e Comunidade da clínica do programa Integração Saúde, em Montes Claros, explica o que são as hepatites e orienta em relação aos cuidados:

A hepatite é uma inflamação do fígado causada por vírus ou por medicamentos, álcool, drogas, doenças autoimunes, metabólicas e fator genético. As hepatites virais são provocadas por seis tipos de vírus, classificados de A a E. No Brasil, as mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C, sendo as duas últimas mais perigosas porque podem tornar-se crônicas e ter sérias complicações. De acordo com o último boletim epidemiológico sobre hepatites virais, divulgado em 2021, foram registrados 78.642 óbitos por hepatite viral no país, entre 1999 e 2020.

 

 

 

 

 

HEPATITE CRÔNICA

Quando permanecem no organismo sem tratamento por mais de seis meses, as hepatites B e C frequentemente tornam-se crônicas. Contudo, por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas desconhece ter a infecção. Segundo levantamento da Aliança Mundial Contra as Hepatites Virais (WHA), apenas 10% das pessoas infectadas sabem que vivem com hepatite B crônica e 21% com hepatite C.

Isso faz com que a doença evolua por anos sem o devido diagnóstico. A grande consequência da hepatite crônica avançada é a possibilidade da perda da função hepática, com um quadro de cirrose ou câncer do fígado. A partir daí o tratamento é o transplante do órgão. Nas Américas, dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) mostram que 57% das cirroses hepáticas e 78% dos cânceres hepáticos são devidos à contaminação por hepatite B ou C.

Para o diagnóstico da doença é recomendado exame de sangue anual para detecção da hepatite a partir dos 45 anos. Também é possível fazer teste rápido, disponível nos postos de saúde, quando há sintomas ou suspeita devido à exposição aos fatores de risco.  

 

Dra. Thaís Mendes Rodrigues, especialista em Medicina de Família e Comunidade da clínica do programa Integração Saúde, em Montes Claros.

 

TRANSMISSÃO E SINTOMAS

A principal via de contágio das hepatites A e E é oro-fecal, através de água e alimentos contaminados. Essas hepatites estão relacionadas a condições precárias de higiene e saneamento básico.

A hepatite B é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), sendo essa a principal forma de contágio. Também pode ser transmitida por contato sanguíneo, através de objetos perfurocortantes contaminados, principalmente alicates de unha e agulhas e seringas utilizadas para consumo de drogas, além de objetos de higiene pessoal.

A hepatite C é transmitida principalmente por sangue contaminado, através do compartilhamento de instrumentos e objetos pessoais perfurocortantes, e pelo contato sexual.

As hepatites B e C também podem ser transmitidas da mãe infectada para o filho durante a gestação ou parto.

A hepatite D é transmitida da mesma forma que as hepatites B e C, porém ocorre apenas em pessoas infectados pelo vírus da hepatite B.

Embora muitas vezes assintomáticos, todos os tipos têm sintomas parecidos nos quadros agudos: fadiga, mal-estar, vômitos, falta de apetite, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

 

PREVENÇÃO

Para a hepatite A existe vacina, que é disponibilizada pelo SUS para crianças a partir de 15 meses até completarem 5 anos. Além disso, a prevenção passa pelo saneamento básico e bons hábitos de higiene pessoal e dos alimentos, assim como para a hepatite E, para a qual não tem vacina.

A principal proteção contra a hepatite B é a vacina, que também protege contra o tipo D. Disponível pelo SUS, é recomendada para o bebê em três doses, aplicadas aos dois, quatro e seis meses de vida ou a qualquer tempo, para pessoas que não foram vacinadas. A prevenção inclui o uso de preservativos nas relações sexuais e não compartilhamento de objetos perfurocortantes.

Para a hepatite C não existe vacina e a prevenção é baseada no uso de preservativos e não compartilhamento de objetos perfurocortantes.

 

TRATAMENTO

As hepatites A e E são autolimitadas, ou seja, geram um quadro agudo, mas, em geral, melhoram em semanas e se curam sozinhas, com tratamento para alívio dos sintomas.

Para as hepatites B e D o foco é a prevenção. Quando diagnosticada, a doença deve ter acompanhamento médico e tratamento com antivirais, mas o sucesso vai depender da fase da doença e da resposta de cada paciente, de acordo com fatores como carga viral, imunidade e gravidade do quadro.

Já o tratamento da hepatite C, quando em estado agudo, é feito através de medicamentos antivirais específicos. Mesmo nos casos em que a doença já se tornou crônica, o tratamento pode interromper o processo de evolução da doença ou curá-la.

CÚPULA MUNDIAL DA HEPATITE 2022

Em junho deste ano, a Cúpula Mundial da Hepatite, realizada na Suíça, comemorou o cumprimento global de uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2020: reduzir a prevalência de hepatite B em crianças menores de 5 anos para menos de 1%. O evento reúne a Organização Mundial da Saúde (OMS), instituições da sociedade civil e representações de pacientes dos países membros da Aliança Mundial da Hepatite. Diante do resultado positivo, os países participantes definiram como nova meta erradicar a doença no planeta até 2030.

 

Fontes:

Fiocruz

Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde

Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

Organização Pan-Americana de Saúde