De acordo com a UNAIDS, entidade das Nações Unidas para o enfrentamento à doença, atualmente, mais de 39 milhões de pessoas convivem com HIV no mundo. Somente em 2022, cerca de 1,3 milhões de pessoas contraíram o vírus e 630 mil mortes foram registradas em decorrência do problema.  No Brasil, o Ministério da Saúde estima que, aproximadamente, um milhão de pessoas vivem com HIV. Destas, 900 mil conhecem seu diagnóstico e cerca de 720 mil estão em tratamento constante, mantendo o vírus indetectável, o que evita a sua transmissão e a progressão para a doença. Em 2022, foram registradas 50 mil novas infecções por HIV, principalmente na faixa etária de 15 a 29 anos, além de 13 mil mortes relacionadas à AIDS.

Diferença entre HIV e AIDS

Nem todas as pessoas que vivem com HIV têm AIDS, porém todas as pessoas que desenvolvem AIDS vivem com HIV. São conceitos bastante confundidos e, por isso, é necessário diferenciar:

- HIV é a sigla em inglês do Vírus da Imunodeficiência Humana. É um retrovírus que infecta as células do sistema imunológico humano, podendo destruir ou danificar sua função, o que significa a imunodeficiência.

AIDS, sigla em inglês para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é uma doença do sistema imunológico que se desenvolve em estágios mais avançados da infecção pelo HIV e é definida por uma série de sintomas e infecções. A AIDS ocorre porque as pessoas com imunodeficiência são muito mais vulneráveis ​​a vários tipos de câncer e infecções, considerados oportunistas por se aproveitarem de um sistema imunológico enfraquecido.

Muitas pessoas que vivem com HIV podem não desenvolver a AIDS. O tempo que leva para o vírus provocar a doença varia de acordo com cada pessoa e depende da adesão ao tratamento existente. Aqueles portadores do HIV que tomam adequadamente a medicação antirretroviral, para impedir a multiplicação do vírus no organismo, podem evitar o desenvolvimento de doenças.

 

 

Formas de contaminação pelo HIV

O HIV é transmitido por meio de relações sexuais (vaginal, anal ou oral) desprotegidas (sem camisinha) com pessoa soropositiva (que já tem o vírus), sem tratamento; pelo compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados, como agulhas, alicates etc.; de mãe soropositiva, sem tratamento, para o filho durante a gestação, parto ou amamentação.

 

Tratamento

Ainda não há cura para a AIDS ou para a infecção por HIV, mas há tratamento para evitar o desenvolvimento da doença em pessoas soropositivas. Os medicamentos antirretrovirais surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. O uso regular desses medicamentos ajuda a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico, aumentando o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzindo o número de internações e infecções por doenças oportunistas.

A adesão ao tratamento é fundamental e permite que a pessoa que vive com HIV tenha uma vida normal, sem abandonar suas relações afetivas e sociais. O tratamento feito corretamente pode, inclusive, manter o vírus indetectável e, assim, eliminar o risco de transmissão para outras pessoas.

Desde 1996, o Ministério da Saúde distribui gratuitamente os medicamentos antirretrovirais a todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento.

Diagnóstico

O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito através de testes rápidos ou laboratoriais, a partir da coleta de sangue venoso ou digital (ponta do dedo). Os testes rápidos geram resultado em cerca de 30 minutos e são realizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas Unidades Básicas de Saúde e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs). O SUS também oferece, gratuitamente, autotestes de HIV para que as pessoas possam se testar quando e onde quiserem.

 

Medidas preventivas

As formas mais simples de prevenção contra a infecção por HIV são o uso de preservativos internos ou externos nas relações sexuais e evitar o compartilhamento de seringas ou objetos que contenham sangue que possa estar contaminado.

Além disso, a prevenção combinada é uma estratégia que engloba tanto a prevenção primária, com foco nas pessoas que são HIV-negativas, quanto a prevenção da transmissão do vírus, com a adesão das pessoas vivendo com HIV ao tratamento antirretroviral.

A prevenção também inclui o uso de medicamentos antirretrovirais para a prevenção antes ou depois de uma relação sexual de risco. A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é indicada para pessoas sexualmente ativas em situação de vulnerabilidade ao HIV, como medida preventiva antes da exposição ao vírus.  Já a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) é uma medida de prevenção para ser utilizada até 72h após uma relação sexual de risco.

 

Os entraves do preconceito

Décadas após o surgimento da AIDS, persistem o estigma e a discriminação em relação às pessoas que vivem com HIV. O impacto do preconceito afeta as relações sociais do indivíduo nos âmbitos familiar, comunitário, de trabalho, entre outros.

O estigma refere-se às crenças, atitudes e sentimentos negativos em relação às pessoas soropositivas, seus familiares, pessoas próximas e grupos que estão em maior risco de infecção pelo vírus. A discriminação, por sua vez, refere-se ao tratamento desigual e injusto dado ao indivíduo, por ação ou omissão, baseado em seu estado sorológico.

Estudos realizados pelo UNAIDS mostram que as consequências mais comuns das diversas formas de estigma e discriminação que afetam pessoas vivendo com HIV incluem o assédio moral, a exclusão social, a perda do emprego e até a agressão física. O medo de enfrentar essa realidade é uma das principais barreiras para o acesso aos serviços de prevenção e testagem para o HIV e um dos grandes obstáculos para o início e adesão ao tratamento.