As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são aquelas contraídas, principalmente, por meio do contato sexual sem o uso de preservativos, ou em contato direto com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão também pode acontecer da mãe para a criança durante a gestação, parto ou amamentação e ainda, de maneira menos comum, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com sangue ou secreções corporais contaminadas. A transmissão também pode ser por acidentes com objetos perfurocortantes, compartilhamento de seringas e transfusão de sangue. As ISTs são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos e podem ser temporárias, crônicas ou incuráveis.

Sintomas

As ISTs se manifestam, principalmente, nos órgãos genitais, mas podem surgir também em outras partes do corpo, como palma das mãos, olhos, língua. Os sintomas mais comuns são feridas, corrimentos e verrugas anogenitais. Outros possíveis sintomas são dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aumento de ínguas.

Algumas ISTs podem não apresentar sinais e sintomas ou demorar muito tempo para se manifestarem. Por isso é importante que se faça o rastreamento periódico das ISTs em homens e mulheres, considerando os fatores de risco de cada paciente.

 

Diagnóstico

A história do paciente, a identificação das suas vulnerabilidades e o exame físico são elementos essenciais para o diagnóstico das ISTs. Durante o exame físico, quando indicado, deve ser feia a coleta de material biológico para a realização de testes laboratoriais ou rápidos.

É importante observar o corpo durante a higiene pessoal, o que pode ajudar a identificar uma IST no estágio inicial. Em caso de qualquer alteração na região genital, mesmo que não haja secreção ou dor, é indicado buscar atendimento médico rápido para avaliação.

Após uma relação sexual desprotegida - sem camisinha masculina ou feminina - é importante fazer exames laboratoriais para verificar uma possível contaminação. Mesmo que aparente estar saudável, uma pessoa pode estar infectada. Segundo a Dra. Thais Stephanie Santos Pinto, médica da clínica do Programa Integração Saúde, em Contagem, quando uma IST é identificada é essencial que a/o parceria(o) sexual seja avisada. Toda IST diagnosticada em um parceiro, seja homem ou mulher, tem que ser tratada também pelo(s) outro(s) parceiro(s), exceto nos casos de HIV, que é necessária a confirmação do contágio pelo(a) parceiro(a) para que se inicie o tratamento.

 

Prevenção

O uso da camisinha, masculina ou feminina, em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o método mais eficaz para evitar a transmissão das ISTs. Também é importante não compartilhar objetos que podem favorecer a contaminação, com seringas, agulhas, alicates de unha, entre outros.

A Dra. Thais alerta que o fato de ter tratado e curado uma infecção, como a sífilis, por exemplo, não deixa a pessoa imune. Se há uma nova exposição à IST, a pessoa pode contrair novamente. E elas podem ser assintomáticas por muitos anos.

A médica chama a atenção para pessoas que têm parceiros fixos, como casais heterossexuais, que acabam se descuidando da prevenção. É comum, por exemplo, que o homem, ou a mulher, seja infectado(a) em uma relação extraconjugal e mantenha relações sexuais com seu cônjuge sem o uso de preservativos, transmitindo-lhe a infecção. Principalmente no caso de mulheres grávidas, essa infecção pode gerar complicações e ser transmitida para o bebê.

Algumas ISTs, como o papilomavírus humano (HPV) e hepatite B podem ser prevenidas por meio de vacinas. De acordo com as faixas etárias indicadas, elas estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e têm cobertura pela Copass Saúde.   

Por que os homens precisam estar atentos?

Conforme explica a Dra. Thais, historicamente, os homens sempre estiveram à frente das mulheres nas estatísticas de maior incidência de ISTs. Isso, provavelmente, está relacionado a questões socioculturais. “É mais comum, na sociedade, que os homens tenham mais parcerias sexuais. Não significa que os homens sejam mais suscetíveis a contrair a infecção e, sim, que eles costumam ter um comportamento de risco maior.” Isso não se restringe a homens jovens. Nos últimos anos, houve um aumento nos casos de IST em idosos, principalmente homens. Essa realidade está relacionada a tabus, despreocupação com gravidez e desconhecimento sobre as ISTs entre os mais velhos.

Ainda por questões socioculturais, para muitos homens, é mais difícil abordar questões da sexualidade e ISTs nas consultas de rotina. É comum que haja maior resistência em permitir ou solicitar a avaliação médica de alguma lesão na região genital e até mesmo na realização da higienização adequada, salienta a Dra. Thais.  Os homens, muitas vezes, também são mais resistentes em fazer o tratamento quando o(a) parceiro(a) é diagnosticado(a) com IST. E se um trata e o outro não, pode haver reinfecção.

 

Saiba um pouco mais sobre algumas das principais ISTs

 

HIV (VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA)

A infecção pelo HIV não tem cura e é necessário controle permanente através de antivirais.

O HIV pode causar a aids (sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), caracterizada pelo enfraquecimento do sistema imunológico e acometimento por doenças oportunistas.

Segundo a médica Thais, muitas pessoas têm perdido o medo de contrair o HIV por acharem que podem usar rotineiramente os medicamentos antivirais para controle da infecção, como a profilaxia pré-exposição (PrEP) e a  profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP). Mas a PrEP e a PEP são indicadas em situações específicas, para evitar o adoecimento de quem já está infectado ou para grupos que têm risco aumentado, pois além de pesados efeitos colaterais, não protegem contra as outras ISTs.

 

SÍFILIS

Infecção causada por bactéria, curável e exclusiva do ser humano. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios. No início, a possibilidade de transmissão é maior. A sífilis pode ser transmitida para o bebê durante a gestação. Em estágios avançados, se não houver tratamento adequado pode causar complicações graves como lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.

A Dra. Thaís ressalta que uma das manifestações da sífilis é uma úlcera que surge e desaparece espontaneamente, sem dor, secreção ou odor, o que acaba passando despercebido.

 

HERPES GENITAL

Infecção causada pelo vírus do herpes simples (HSV), provoca lesões na pele e nas mucosas dos órgãos genitais masculinos e femininos. O herpes não tem cura, permanecendo no organismo pelo resto da vida. O vírus pode ficar assintomático por muitos anos e a doença costuma aparecer em momentos de imunidade baixa, como estresse, alterações hormonais ou outras infecções.

 

GONORREIA E INFECÇÃO POR CLAMÍDIA

Causadas por bactérias, geralmente, a gonorreia e a infecção por clamídia aparecem associadas, causando infecção que atinge os órgãos genitais, a garganta e os olhos. Apesar de serem assintomáticas, na maioria das vezes, os sintomas mais frequentes na mulher são corrimento vaginal com dor no baixo ventre, e, nos homens, corrimento no pênis e dor ao urinar.

 

HEPATITES B e C

Infecções que atingem o fígado. Em geral são assintomáticas, mas podem apresentar sinais como cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. A hepatite B não tem cura, mas tem vacina contra a infecção. Já a hepatite C pode ser curada, mas não há vacina.

 

HTLV

Apesar de ainda pouco conhecido, o HTLV é um vírus importante, semelhante ao HIV, e, além da via sexual, é extremamente transmissível pelo aleitamento e durante a gestação e parto. É uma infecção crônica e pode ser assintomática por muitos anos. Não há cura, nem tratamento específico. É feito o acompanhamento do paciente e tratam-se as complicações e os sintomas relacionadas ao vírus, que afeta o sistema imunológico e aumenta o risco de infecções secundárias, podendo gerar consequências graves, entre elas doenças neurológicas e alguns tipos de câncer, como leucemia.

 

HPV

A infecção por HPV, nas mulheres, é associada, principalmente, ao desenvolvimento do câncer de colo de útero. Nos homens, geralmente, é assintomática, mas pode gerar sintomas mais brandos, como pequenas lesões penianas, na bolsa escrotal e na região anal. Se não tratadas, essas lesões também podem se transformar em câncer. A melhor maneira de prevenir o HPV é a vacinação, de preferência, antes do início da atividade sexual. 

O Papanicolau é um exame ginecológico preventivo contra o HPV, realizado para identificar lesões precursoras do câncer do colo do útero, permitindo que sejam tratadas antes de se tornarem câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, mas é um método importante de prevenção do câncer.