As vacinas são uma conquista importante para a humanidade que, ao longo dos tempos, vem salvando inúmeras vidas e erradicando doenças graves. Contudo, informações equivocadas ou falsas, além da falta de informação têm levado muita gente a abrir mão deste benefício imprescindível para a saúde de cada um e da coletividade.

Conheça alguns mitos, que persistem e dificultam o sucesso de muitas campanhas, e verdades que precisam ser esclarecidas para garantir que as pessoas sejam imunizadas de forma adequada e segura:

MITOS

Vacina contra o vírus influenza provoca gripe

Não há possibilidade de a vacina causar a gripe porque ela é composta por um vírus inativado, ou seja, morto.  Reações leves como dor, vermelhidão e endurecimento do local da aplicação podem ocorrer e apenas 10% dos vacinados têm febre, mal-estar e dor muscular, geralmente entre 6 e 12 horas após a imunização. As reações tendem a desaparecer em até 48 horas.

O mercúrio contido nas vacinas faz mal à saúde

O mercúrio é usado como conservante para evitar a contaminação por fungos, bactérias e outros microrganismos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a sua utilização por considerá-lo seguro e não cumulativo, já que o organismo o elimina rapidamente após a aplicação da vacina.

Vacina tríplice viral pode causar autismo

Diversos estudos já comprovaram que a imunização com uma ou duas doses da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola, em qualquer idade,  não tem nenhuma associação com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A vacinação para doenças como catapora, que nem sempre são graves, é desnecessária.

Todas as doenças infecciosas preveníveis por vacinação são potencialmente graves, com registro de hospitalizações, sequelas e óbitos, mesmo aquelas que geralmente são brandas, como a catapora.

Gestantes, bebês e pessoas imunodeprimidas não devem ser vacinados

Vacinas produzidas com vírus ou bactérias inativados, como as da influenza, pneumonia e tétano, são indicadas e seguras mesmo para pessoas com o sistema imune mais frágil. Contudo, alguns imunizantes, como os feitos com vírus vivos atenuados, podem ser contraindicados. É importante consultar o médico para saber quais vacinas podem ser tomadas.

Tomar mais de uma vacina ao mesmo tempo, especialmente para crianças, pode aumentar o risco de eventos adversos ou sobrecarregar o sistema imunológico

A OMS afirma que não há problemas em administrar diversas vacinas ao mesmo tempo e que isso não aumenta o risco de eventos adversos, nem sobrecarrega o sistema imunológico das pessoas. A chamada vacinação combinada é indicada para que as crianças recebam menos injeções e sintam menos desconforto.

É melhor ser imunizado por meio da doença do que pelas vacinas

As vacinas estimulam o sistema imunológico a produzir uma resposta semelhante àquela produzida pela infecção natural, mas não causam a doença. Já as doenças, que poderiam ser preveníveis por vacinas, podem resultar em complicações, deixar sequelas e até levar à morte.

Vacinas proporcionam 100% de proteção

As vacinas apresentam uma eficácia bastante alta, mas não proporcionam 100% de proteção contra as doenças. Os imunizantes com maior taxa chegam a 95% de efetividade. Por isso, para evitar que as doenças circulem, é importante manter uma cobertura vacinal alta da população. É a chamada imunidade coletiva “de rebanho”.

Quanto mais fortes forem as reações da vacina, mais protegida a pessoa estará.

A eficácia das vacinas não está relacionada à intensidade de seus efeitos colaterais. Com o avanço das técnicas de produção, no geral, as vacinas provocam cada vez menos efeitos colaterais.

VERDADES

Vacinas podem causar efeitos colaterais

Toda vacina pode provocar reações indesejáveis, como manchas e coceira na pele, inchaço nos lábios e nas pálpebras, sintomas respiratórios, dor ou inflamação no local da aplicação. As reações são passageiras, mas deve-se procurar avaliação médica para quadros agudos.

Pessoas alérgicas a ovo não devem tomar vacina contra gripe

No processo de produção das vacinas contra a gripe existe uma etapa em que os vírus crescem em ovos embrionados e isso pode levar partes proteicas dos ovos para a vacina. Porém, em casos de pessoas muito vulneráveis à gripe, o médico pode indicar a imunização mesmo com risco de alergia. Nesses casos, a vacinação deve ser feita por um centro de saúde especializado.

Tomar a mesma vacina duas vezes não faz mal

Se a pessoa não lembra se foi imunizada contra alguma doença e perdeu sua caderneta de vacinação, na maioria das vezes, vale a pena tomar a vacina, mesmo que repetida. Recomenda-se procurar um centro de imunização para que profissionais habilitados a orientem sobre quais vacinas devem ser tomadas e seus possíveis efeitos colaterais.

Deixar de vacinar crianças faz com que doenças já extintas voltem a se manifestar

A diminuição da cobertura vacinal cria um ambiente favorável à circulação de vírus ou bactérias que provocam doenças consideradas já erradicadas em uma região. Quando pessoas desprotegidas entram em contato com pessoas infectadas por estes microrganismos podem adoecer e transmitir para outros indivíduos, levando à ocorrência de surtos ou epidemias.

A VISÃO DE QUEM ESTÁ NA LINHA DE FRENTE

De acordo com o enfermeiro Carlos Henrique Sá, da equipe da clínica do programa Integração Saúde, em Contagem, durante a pandemia de covid-19 houve grande questionamento sobre as vacinas de forma geral, mas, “aos poucos, as pessoas estão recuperando a consciência quanto à sua importância.”

Entre as dúvidas mais comuns, Carlos Henrique cita  a persistência em questionar a eficácia da vacina de covid-19, dependendo do laboratório que a produz, mesmo diante dos resultados já comprovados. Outra questão, principalmente, entre os idosos, é a ideia equivocada de que a vacina contra a influenza pode causar a gripe e uma falta de entendimento de que a vacina protege contra as formas mais graves, mas não impede que a pessoa pegue um resfriado ou até a própria influenza, porém de forma mais branda. Assim também é para a vacina da covid-19.

O enfermeiro relata ainda uma atitude comum, causada pelo medo da reação às vacinas, principalmente nas crianças. “É frequente a medicação antecipada ou logo após a vacinação, com antitérmicos e até anti-inflamatórios, para evitar reações como febre e dor. Mas aguardar a resposta do organismo é importante para dar ao corpo tempo suficiente de fazer o processo, evitando que haja uma diminuição da resposta imunológica, conforme observado em alguns estudos. O ideal é medicar somente quando houver um quadro reativo mais acentuado.”

Para a enfermeira da  USSS – Unidade de Serviço de Saúde e Segurança do Trabalho da Copasa, Leandra Leal, apesar de toda a movimentação antivacina, na Copasa houve uma reação diferente. “O que presenciamos, nos últimos anos, foi o aumento da procura pelas vacinas ofertadas. Percebemos que surtos como o da H1N1 e a pandemia de covid-19 serviram de alerta para  as pessoas compreenderem melhor a importância da imunização. Neste ano, por exemplo, durante a nossa campanha de vacinação contra a influenza, houve um crescimento acentuado da procura entre os empregados da Copasa. Isso é um avanço, pois a proteção contra as doenças garante um ambiente mais saudável para todos.”

Segundo Luciana Costa, coordenadora do Núcleo de Jornada do Beneficiário da Copass Saúde, de acordo com o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as vacinas não são de cobertura obrigatória pelos planos de saúde. Ainda assim, a Copass Saúde tem uma política de cobertura adicional de vacinas de comprovada eficácia e custo-efetividade, não disponibilizadas no calendário vacinal do SUS.

PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES DO SUS

GRUPODOENÇAS EVITADAS

Crianças (de 0 a 10 anos)

Tuberculose, hepatite B, difteria, tétano, coqueluche, meningite, poliomielite, rotavírus, hepatite A, pneumonia, sarampo, caxumba, rubéola, febre amarela, catapora (varicela), HPV, gripe, covid-19.

Adolescentes (de 11 a 19 anos)

Hepatite B, difteria, tétano, febre amarela, sarampo, caxumba, rubéola, meningite, HPV, gripe, covid-19.

Adultos (20 a 59 anos)

Hepatite B, difteria, tétano, febre amarela, sarampo, caxumba, rubéola, gripe, covid-19.

Idosos (a partir de 60 anos)

Hepatite B, difteria, tétano, febre amarela, pneumonia, gripe, covid-19.

Confira a lista de imunização oferecida pela Copass Saúde (clique aqui).