A psicóloga Cláudia Imaculada Oliveira, em sua experiência na Copasa como coordenadora do Programa de Prevenção e Atendimento ao Sujeito em Relação ao Álcool e às Drogas (PASA), conhece bem esses males. Segundo ela, o consumo de substâncias psicoativas é um problema inserido entre muitos, pois desencadeia várias outras dificuldades (sociais, escolares, interpessoais, jurídicas etc.). Cláudia fala um pouco sobre cada um dos aspectos observados:

No âmbito da saúde, o usuário de álcool pode desenvolver a doença do alcoolismo, hipertensão, diabetes, cirrose, câncer de fígado, pancreatite, gastrite, polineurite, anemia, pelagra, úlceras cutâneas, entre outras. O usuário de drogas pode apresentar distúrbios psicológicos importantes como alucinações e mania de perseguição e o uso prolongado pode causar sérios problemas cardíacos e respiratórios, e até mesmo levar à destruição do tecido cerebral.

Profissionalmente, além dos prejuízos financeiros, devido às faltas e atrasos, o indivíduo pode apresentar dificuldades no aprendizado e execução de tarefas, resultando em baixa produtividade, retrabalho e necessidade de treinamento. Os relacionamentos interpessoais com colegas e superiores hierárquicos ficam comprometidos, prejudicando a rotina do setor de trabalho.

Os prejuízos também são preocupantes no âmbito social, pois o usuário de álcool e/outras drogas pode se envolver em situações de violência e criminalidade. Pode cometer crimes e também ser a vítima, além de estar sujeito a outros perigos como acidentes, infecções sexualmente transmissíveis (IST) e gravidez indesejada.

No meio familiar, os problemas não são menores. É comum que alguns membros acabem por organizar suas vidas ao redor do usuário de álcool e/ou drogas, tentando controlar ou manejar seu comportamento, engajando-se em um processo devastadoramente patológico. A família do dependente químico, na maioria dos casos, é adoecedora e adoece, por isso precisa estar inserida no processo de recuperação.

Orientação e apoio

De acordo com a psicóloga, o dependente de álcool e/ou drogas tem dificuldade em buscar ajuda, pois não admite que perdeu o controle sobre o uso da substância. Ele não se preocupa muito com a sua saúde, não se apega aos prejuízos materiais e financeiros, mas se apega demasiadamente às pessoas que o cercam. Mesmo que não demonstre, para o dependente perder o afeto de pessoas queridas é muito doloroso. Em muitos casos, essas perdas podem influenciá-lo a buscar ajuda e recuperação.

O primeiro passo é reconhecer que a Dependência Química (DQ) é uma doença progressiva, degenerativa e incurável, porém há tratamento para controlar e impedir o seu avanço. É importante buscar um serviço médico especializado em DQ para estabelecer um projeto terapêutico adequado a cada caso específico. Caso o dependente não aceite o tratamento por livre e espontânea vontade, caberá a intervenção de familiares e amigos para conduzi-lo ao tratamento. Visando a preservação de sua integridade física e psicológica, a internação involuntária é a alternativa legal (Lei 10216 de 16/06/2001) que permite à família realizar a internação contra a vontade do paciente.

O apoio de amigos e familiares é muito importante, pois o dependente se sente amparado e protegido por aqueles que querem vê-lo bem. Sem esse apoio, à medida que o tempo passa, começa a perder sentido a sua recuperação. O número de recaídas de dependentes que não têm a continuidade desse apoio é muito grande. O familiar deve acompanhar o dependente em todas as etapas de seu processo de recuperação para adquirir conhecimento a respeito da DQ e sobre como se portar para ajudá-lo efetivamente.

A COPASA, por meio de seu Programa PASA, desenvolve ações de prevenção e tratamento do alcoolismo, tabagismo e outras dependências químicas. Como coordenadora do PASA, Cláudia acredita que as raízes do problema da dependência química são amplas, mas, sem dúvida, é possível intervir no ambiente de trabalho para a criação de uma cultura de promoção da saúde e de melhoria da qualidade de vida. “O sucesso do programa está em não excluir o dependente químico daquilo que ele faz, sendo o seu trabalho suporte terapêutico. Esse é um dos resultados positivos: atribuir um lugar privilegiado ao trabalho, considerando-o como pilar pelo qual o Sujeito é capaz de retomar a construção de sua identidade e o exercício da cidadania. Otrabalho (ou, mais precisamente, o trabalhar), é o principal operador de saúde mental”, conclui.

 

Para saber mais sobre o PASA, entre em contato pelo e-mail: claudia.oliveira@copasa.com.br ou pasa@copasa.com.br ou pelo telefone (31) 3250 1512.