A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda manter o aleitamento materno até os dois anos de idade ou mais e exclusivamente até o sexto mês de vida. Segundo a enfermeira Mariana França, consultora materno-infantil e integrante da equipe do programa Vida Nova, da Copass Saúde, são muitas as vantagens da amamentação para a mãe e para o bebê.

A primeira delas é a nutrição, pois o leite materno contém todos os nutrientes necessários para manter o bebê forte e saudável. A imunização é outro benefício importante. Pelo leite, a mãe passa para o bebê toda a sua memória imunológica, deixando-o mais protegido contra diversas doenças e reduzindo as chances de desenvolver alergias alimentares e problemas respiratórios. Para a mulher, amamentar diminui os riscos de ter câncer de mama e ovário e fortalece contra problemas cardíacos e diabetes.

Além disso, a amamentação aumenta o vínculo entre mãe e filho. A enfermeira explica que quando nasce, a criança se sente ainda como parte da mãe. Assim, o contato com a pele durante a mamada reforça a questão afetiva e dá mais segurança ao bebê.

Diante dos benefícios, por que tantas mulheres desistem de amamentar seus filhos?

De acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), metade das crianças brasileiras são amamentadas por mais de um ano e quatro meses e 45,8% têm aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses. Os números têm avançado, mas é preciso evoluir muito. Crença em mitos, práticas equivocadas, desinformação e falta de apoio contribuem para esse contexto.

 Mariana França fala sobre os mitos e erros mais comuns que acabam desestimulando a amamentação, além de explicar as principais intercorrências e as posições adequadas para a amamentação (confira nos quadros abaixo).

 

APOIO FAMILIAR E PROFISSIONAL

Além de toda a rede de atenção profissional, a maior contribuição para o sucesso da amamentação vem de quem está por perto. Por isso, o apoio da família é fundamental para que a mulher se sinta segura.

A enfermeira Mariana afirma que a família pode ajudar a mulher que amamenta nas suas demandas, como realizar tarefas da casa, auxiliar no cuidado com o bebê, proporcionar um local confortável e tranquilo para a amamentação, além de sugerir e buscar ajuda profissional diante de intercorrências.

Quando há qualquer dificuldade, é importante que a família saiba o que fazer e possa contar com uma rede de apoio formada por instituições e profissionais preparados para ensinar e lidar com os problemas.

 

PROGRAMA VIDA NOVA

A Copass Saúde disponibiliza para suas beneficiárias o Programa Vida Nova, que oferece assistência personalizada durante toda a gestação e no pós-parto. O apoio ao aleitamento materno é um dos pilares. No curso do casal grávido realizado pelo programa, os pais recebem todas as orientações para a amamentação. Além disso, o programa oferece a visita domiciliar de enfermeira no pós-parto para ajudar em todas as questões.

De acordo com a enfermeira Mariana, as visitas realizadas têm comprovado que grande parte das mães assistidas pelo programa conseguem manter a amamentação bem estabelecida, exclusivamente no peito. A beneficiária Carla Gabrielle Santos Valgas é um dos exemplos de sucesso:

“Estou amamentando desde que o meu bebê nasceu, em maio deste ano. Por ser ‘mãe de primeira viagem’, mesmo com toda a assistência, tive um pouco de dificuldade no início. Passamos por uma consultora de amamentação da maternidade, que ajudou muito. Também tivemos todo o apoio das enfermeiras do programa Vida Nova, que vieram em casa e ajudaram bastante, com várias dicas. Segui as orientações e estou conseguindo manter a amamentação exclusiva. Fui muito bem assistida pelo programa, não só para a amamentação, mas para todo o processo. Qualquer dúvida que eu tinha, a equipe me ajudava. Eu indico o programa para todas as mães. O apoio que eu tenho em casa também é importante. Meu marido é muito participativo e está sempre ajudando com o bebê. Isso me deixa muito mais tranquila.”

  Carla, o filho Arthur e o marido, Celso Valgas.

A adesão ao Programa Vida Nova pode ser parcial ou total, para beneficiárias residentes em Belo Horizonte, região metropolitana e Vale do Aço. O programa conta com profissionais capacitados e maternidades conceituadas. Saiba mais sobre o programa clicando aqui.

 

MITOS

 . Não existe leite fraco e leite forte. Todo leite materno é bom. O que pode acontecer é a produção de pouco ou muito leite. Quando a mulher não consegue produzir leite suficiente para saciar o bebê, ela pode ter a falsa impressão de que seu leite está fraco. Isso depende da estrutura física de cada mulher e pode ser sanado com orientação adequada.

 . Não existe leite materno que não sustenta. O leite materno sempre sustenta o bebê quando é oferecido na quantidade adequada. A diferença é que ele é de muito fácil digestão e isso faz com que o bebê se mantenha ativo depois de mamar. Já as fórmulas substitutas, que são mais “pesadas”, deixam o bebê mais lento enquanto faz a digestão, parecendo que está mais saciado.

 . Próteses mamárias não impedem a amamentação. Mulheres que têm próteses produzem leite normalmente e podem amamentar sem problemas.

 . Beber água enquanto está amamentando não provoca gases no bebê. A mulher deve beber água durante todas as mamadas porque a água é essencial para a produção do leite.

 . Amamentar não emagrece, nem enfraquece a mulher. O que acontece, muitas vezes, é que a ingestão de muito líquido durante a amamentação diminui a fome, o que se reflete na perda de peso. É importante manter uma alimentação saudável.

 

ERROS COMUNS

. Posicionamento inadequado. Se o bebê fica numa posição desconfortável, com o pescoço torto ou o braço preso pelo corpo da mãe, ele pode sentir dor e parar de mamar antes de estar saciado. É importante que a cabeça esteja alinhada com o tronco e os braços estejam livres.

. Conchas de silicone. O uso das conchas não é indicado porque a pressão que a concha exerce sobre o mamilo pode provocar inchaço, dificultando a pega pelo bebê, e causar obstrução do ducto mamilar. Além disso, o mamilo fica úmido, o que pode causar cândida mamária.

. Pega inadequada. Para pegar o peito corretamente, o bebê precisa colocar todo o mamilo e parte da aréola dentro da boca. A mãe pode auxiliar, apertando suavemente a boca do bebê para abri-la e encaixar o peito, direcionando o mamilo para o céu da boca do bebê na hora da pega. 

. Pouca hidratação. Para produzir leite, o organismo da mãe precisa de água. Por isso, a mãe precisa estar bem hidratada. Quanto mais leite, mais cheia fica a mama e menos tempo o bebê leva para mamar e ficar satisfeito. A recomendação de ingestão diária de água durante a amamentação é de, no mínimo, 35ml a 45ml por quilo de peso da mulher.

. Uso de mamadeira ou chupeta. Antes que o bebê aprenda a mamar no peito da forma adequada, não é indicado oferecer mamadeira ou chupeta, pois o movimento de sucção de ambos é diferente do movimento de mamar e pode confundir a criança.

 

PRINCIPAIS INTERCORRÊNCIAS - clique aqui para assistir ao vídeo no nosso Instagram

. Fissura mamilar: é ocasionada pela pega errada do bebê durante a mamada. O bico do peito precisa estar na parte posterior da boca da criança para não ser machucado. É preciso corrigir a pega para que a fissura não piore. Com a correção, na maioria das vezes, não é necessário parar de amamentar.

. Frênulo lingual: também conhecido como língua presa, impede que o bebê faça o movimento correto para mamar, exigindo maior esforço para sugar pouco volume de leite, e ocasiona fissuras no mamilo pela pega inadequada. O frênulo lingual é avaliado no teste da linguinha, realizado na maternidade. Quando não corrigido precocemente, pode prejudicar também o desenvolvimento da fala da criança.

. Cândida mamária: é um fungo presente na flora da mulher, que se manifesta, geralmente, a partir de 10 dias após o parto, devido à baixa imunidade, comum nesse período em que a mulher fica mais sensível emocionalmente ou por fatores externos como mamilo úmido pelo uso de absorventes de peito, conchas de silicone e pomadas. Os sintomas são aumento da sensibilidade do mamilo, sensação de ardência ou dor em fisgadas durante ou após a amamentação, vermelhidão ou coceira no mamilo. Não é necessário interromper a amamentação, mas é preciso tratar tanto a mãe quanto o bebê por meio de medicamentos.

. Obstrução do ducto mamilar: é o entupimento de um dos canais por onde sai o leite, identificado por um pontinho branco no mamilo. Pode ser causado por vários fatores como esvaziamento inadequado da mama, uso de conchas de silicone e pomadas, entre outros. Pode ser tratado com fricção do mamilo com toalha umedecida, compressa morna ou mudança na posição do bebê para a mamada, com orientação profissional.

. Mastite: é uma infecção na estrutura da mama causada por bactérias. Pode ser provocada por esvaziamento irregular da mama, fissura mamilar, uso de roupas apertadas, baixa imunidade. O tratamento é à base de antibióticos e não é preciso interromper a amamentação, exceto em casos agudos, quando há excreção acentuada de pus junto com o leite. Os sinais são dor, vermelhidão e aumento da temperatura no local afetado.

 

POSIÇÕES PARA A AMAMENTAÇÃO ADEQUADA - clique aqui para assistir ao vídeo no nosso Instagram

. Clássica: o bebê fica de frente para o peito, barriga com barriga e com a cabeça apoiada na dobra do braço da mãe.

. Invertida: o bebê fica com as pernas para trás do corpo da mãe e a barriga abaixo das axilas. A cabeça é apoiada pela mão da mãe. Essa posição favorece o esvaziamento lateral da mama.

. Cavalinho: o bebê fica sentado em uma das pernas da mãe e de frente para o peito. Essa é a posição que o bebê pega o peito com mais facilidade. É muito indicada para bebês com deformidades orofaciais.

 

Fontes:

Fiocruz

Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde

Sociedade Brasileira de Pediatria