O número de especialistas na área cresceu 30% em dois anos e 171% na última década. E a demanda ainda é alta em relação à quantidade de profissionais atuantes. De acordo com dados da pesquisa “Demografia Médica no Brasil 2020”, realizada pelo Conselho Federal de Medicina e Universidade de São Paulo, há 7.149 médicos especializados em MFC em todo o Brasil. Em Minas Gerais, conforme a pesquisa, foram registrados 960 especialistas, o que representa 4,88 profissionais por 100 mil habitantes.

O investimento em APS é foco da Copass, através das clínicas do Programa Integração Saúde. Membro da equipe da clínica de Contagem, o  médico de Família e Comunidade, Dr. Bruno José Eleutério Guimarães, explica como atua a especialidade e ressalta os benefícios para quem adere a este modelo de cuidado. Confira a entrevista:

 

 

Copass Saúde: O que é a Medicina de Família e Comunidade e como atua esse especialista?

Dr. Bruno: O Médico de Família e Comunidade (MFC) é um especialista diferente dos demais. Os outros, chamados especialistas focais, atuam em tipos de problema específicos. Um cardiologista foca em problemas cardiológicos, um endocrinologista foca em problemas endócrinos, por exemplo. O MFC não foca em um determinado problema.

Qualquer questão de saúde, qualquer dúvida, podem e devem ser levados para o MFC. Ele tem treinamento para resolver cerca de 80 a 85% das demandas de saúde, independentemente da idade, do sexo ou do problema do paciente.

O MFC acompanha e trata hipertensos, diabéticos, pessoas com hipotireoidismo, com colesterol alto, crianças, mulheres, idosos, enfim, qualquer tipo de paciente. Obviamente, há casos mais complexos ou específicos que demandam a atenção de um especialista focal. E quando o MFC se depara com um caso assim, ele encaminha o paciente. Porém, o relacionamento não se encerra quando o paciente é encaminhado. O MFC sempre espera que o paciente retorne após a consulta com o especialista focal para continuar com o acompanhamento.

Outro diferencial é que o MFC não dá alta para seus pacientes. Mesmo um paciente saudável, jovem, sem problemas de saúde, deve fazer pelo menos uma consulta por ano para acompanhamento. Essa é uma oportunidade para discutir questões, tirar dúvidas e falar sobre as preocupações em relação à saúde.

 

Copass Saúde: Qual é a relação entre a Medicina de Família e Comunidade e a Atenção Primária em Saúde (APS)?

Dr. Bruno: A APS deve ser a porta de entrada do usuário no sistema de saúde, seja ele público ou privado. Países com bons indicadores de saúde, como Holanda, Austrália, Canadá e Inglaterra, baseiam toda a organização do sistema de saúde na APS. No Brasil, temos as unidades básicas de saúde (UBSs), conhecidas como “postos de saúde”, que funcionam como clínicas de APS.

O especialista em Medicina de Família e Comunidade tem experiência e/ou treinamento específico para lidar com o dia a dia de uma unidade de saúde de APS, para atender pacientes de todas as idades, com qualquer tipo de problema de saúde.

As clínicas do Programa Integração Saúde funcionam como uma UBS que atende aos beneficiários da Copass Saúde. Isso significa ter a possibilidade de oferecer um serviço de maior qualidade e continuado, principalmente, por contar com MFC e enfermeira especialista em Saúde da Família.

 

Copass Saúde: A Medicina de Família e Comunidade é ainda pouco conhecida como especialidade. Por que vem ganhando cada vez maior relevância?

Dr. Bruno: A especialidade é relativamente recente. Em Portugal, por exemplo, país onde a APS é forte e os indicadores de saúde são excelentes, ela se fortaleceu a partir da década de 80. No Brasil, a especialidade começou a ganhar visibilidade no final da década de 90, com o surgimento das equipes de Saúde da Família nas UBSs. Em teoria, essas equipes deveriam contar com um MFC. Mas, na prática, por falta de especialistas da área disponíveis, o SUS acaba contratando os médicos generalistas, aqueles que têm a graduação em medicina, sem especialização.

Com a valorização e o maior investimento em APS, especialmente por operadoras de saúde suplementar, a MFC vem se fortalecendo por ser uma especialidade focada na prevenção e no bem-estar da pessoa, o que gera promoção à saúde e redução de custos assistenciais com a doença.

 

Copass Saúde: Quais os principais benefícios para o paciente acompanhado pelo MFC?

Dr. Bruno:O principal eu diria que é a longitudinalidade e a integralidade do cuidado em saúde. Ou seja, o contato que o paciente tem com o MFC ao longo do tempo, ao longo de várias consultas. Isso permite ao médico conhecer bem o seu paciente e auxiliá-lo com as mais diversas questões.

Outro grande benefício é que o MFC pode proteger o paciente de exames desnecessários, que gerariam ansiedade e preocupação. Quando o médico conhece o histórico do paciente e tem a oportunidade de acompanhá-lo ao longo do tempo, ele tem condições de saber quais exames realmente são importantes para aquele paciente.

Além disso, o paciente acompanhado por um MFC acaba economizando muito com coparticipação. Ele não precisa buscar um especialista diferente para cada dúvida ou problema de saúde. Ele vai sempre no seu MFC que, na maioria dos casos, resolve sem necessidade de encaminhar.

E, por fim, ter acesso a um MFC, muitas vezes, poupa o paciente de visitas desnecessárias a um pronto socorro, que deve ser um lugar para atender pacientes graves, como vítimas de acidentes de trânsito, infartos, derrames etc. Aqueles pacientes que têm problemas mais simples, porém que demandam atendimento rápido, como uma dor de garganta ou uma infecção urinária, por exemplo, são beneficiados por terem acesso a um MFC. Nas clínicas de APS, como a nossa clínica em Contagem, eles podem agendar uma consulta para o dia o seguinte ou até no mesmo dia, dependendo da agenda.

 

Copass Saúde: Como é feito o atendimento pelo MFC nas clínicas de APS da Copass Saúde?

Dr. Bruno: Na primeira consulta, para um paciente que deseja ter o acompanhamento longitudinal, em geral, gosto de fazer muitas perguntas sobre seu histórico de vida. Dessa forma, sei se preciso investigar alguma condição ou acompanhar algo que já vinha sendo tratado. Eu procuro usar o tempo da consulta para conhecer o histórico de saúde do paciente ao máximo. Dessa forma, terei condição de fazer um acompanhamento de qualidade, orientando todo o cuidado que este paciente precisará ter, de acordo com seu perfil.

COMO O BENEFICIÁRIO DA COPASS SAÚDE PODE ADERIR AO MODELO DE CUIDADO OFERECIDO PELAS CLÍNICAS DE APS?

Qualquer beneficiário que tenha o plano, seja titular ou dependente e de qualquer idade, pode ter acesso ao atendimento nas clínicas do programa Integração Saúde. Basta verificar se há alguma clínica na região onde mora ou próxima e agendar uma consulta por telefone.

Ao aderir ao programa, o paciente passa a ter acompanhamento pela equipe multidisciplinar, que vai traçar um plano de cuidados individualizado, de acordo com as suas condições de saúde. É importante que a primeira consulta seja presencial, mas o paciente também pode ser atendido de forma virtual, quando necessário.

Clique aqui para saber mais sobre o programa Integração Saúde e os endereços e telefones das clínicas.

 

 

Fontes:

Secretaria de Atenção Primária à Saúde – SAPS – Ministério da Saúde

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo