O câncer de pele é um dos mais prevalentes, respondendo por mais de 30% de todos os diagnósticos de câncer no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 185 mil novos casos são registrados a cada ano. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares, responsáveis por 177 mil novos casos por ano. Já o tipo melanoma registra 8,4 mil casos anualmente.

A Dra. Sandra Lyon, dermatologista credenciada da Copass Saúde, professora e autora de diversos livros na área dermatológica, afirma que mesmo com alto percentual de cura quando tratado precocemente, o câncer de pele é o que mais mata. Está muito ligado a fatores ambientais como a exposição ao sol, fumaça, radiação, além de traumas repetitivos na pele.

 

 

Segundo a médica, a ação dos agentes que causam o câncer de pele é cumulativa e, por isso, a maioria dos casos se manifestam depois dos 40 anos e com mais frequência a partir dos 60 anos.

A doença é caracterizada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer: 

  • Carcinoma basocelular – é o tipo mais comum e menos agressivo. É mais frequente em regiões expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, colo, couro cabeludo, ombros e costas. Tem incidência aumentada em portadores de imunodeficiências.
  • Carcinoma espinocelular – é o segundo mais frequente, tem baixa letalidade e pode se desenvolver em todas as partes do corpo, em cicatrizes antigas e feridas crônicas, embora seja mais comum nas áreas expostas ao
  • Melanona - mais raro e letal que os carcinomas, é o tipo mais agressivo, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (disseminação do câncer para outros órgãos). Pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas. Nos indivíduos de pele negra, ocorre geralmente nas palmas das mãos e plantas dos pés.

 

PRINCIPAIS CAUSAS

A exposição à radiação solar é a causa mais importante do câncer de pele.“O sol é essencial para a nossa vida, por isso, não é necessário ficar obsessivo e fugir dele o tempo todo, mas é preciso se proteger e usufruir com moderação, afinal, não somos girassóis”, afirma a Dra. Sandra.

O câncer de pele é uma doença da dermatologia tropical e já que moramos num país tropical, o cuidado com a exposição ao sol tem que ser permanente, principalmente entre 10h e 16h. Isso vai muito além das idas à praia ou à piscina. A dermatologista alerta que muitas pessoas deixam de se preocupar com a fotoproteção, dizendo que não tomam sol, mas se esquecem que o sol entra dentro de casa. É importante se preocupar também com sol de trajeto, que é aquele que você pega quando está se deslocando de um lugar para outro, na rua, no carro.

Além da radiação solar, as luzes artificiais, como a luz de casa, das telas de computador, do celular, da TV, em proporção menor, oferecem risco para a doença. A exposição constante e prolongada a fuligem e fumaça de cigarro também é um fator de risco.

A médica chama a atenção ainda para traumas repetitivos na pele como machucados recorrentes numa mesma região e pintas debaixo das unhas e principalmente nas solas dos pés. O atrito constante com a pele nessas regiões pode gerar lesões nas pintas, que podem se transformar em câncer. É o somatório de agressões constantes e persistentes ao longo da vida que vai causar a doença. Por isso, a pele tem que ser sempre observada.

 

 

PESSOAS MAIS VULNERÁVEIS

São mais propensas ao desenvolvimento de câncer de pele, sobretudo, pessoas com fototipo baixo, ou seja, pele clara, olhos e cabelos claros. Quanto mais escura a pele, maior a quantidade de melanina, que é um fator protetor contra a doença, mas o câncer de pele também ocorre na pele escura, embora com prevalência muito menor.

É importante considerar a questão hereditária. Pessoas com casos de câncer de pele na família devem ter atenção redobrada.

Além do fator biológico, quem necessita se expor mais ao sol, como trabalhadores e atletas, deve ser mais atento à proteção e aos sinais da doença porque mesmo com o uso adequado do filtro solar, a exposição constante ao sol por longos períodos é um grande fator de risco.

A médica chama a atenção ainda para pessoas que fazem tratamento com imunossupressores pois têm o risco aumentado, e para os casos de pessoas idosas que têm recomendação médica de tomar sol diariamente para aumentar a vitamina D no organismo. Ela explica que é fundamental a avaliação do dermatologista porque é comum nas pessoas idosas o surgimento de ceratoses (lesões) pré-cancerígenas na pele. Nesses casos, é mais recomendado evitar o sol e fazer a suplementação da vitamina D.

 

ATENÇÃO AOS SINAIS PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE

A precocidade do diagnóstico é o mais importante para o bom resultado do tratamento. Uma das vantagens do paciente em relação a outros cânceres, é que o de pele é visível, ressalta a Dra. Sandra.

A doença pode se assemelhar a pintas, eczemas ou outras lesões benignas. Por isso, é importante conhecer a própria pele e ficar atento a qualquer alteração. Pintas e manchas que surgem ou que se modificam, que coçam, ardem, descamam ou sangram, além de feridas que não cicatrizam precisam ser avaliadas o quanto antes pelo dermatologista.

PASSOS PARA A PREVENÇÃO

Desde a infância, usar filtro solar específico para a idade diariamente, pela manhã e reaplicando o produto à tarde, especialmente nas áreas mais expostas como rosto, mãos, pescoço, colo, orelhas. O filtro deve oferecer proteção contra radiação UVA e UVB e fator de proteção 30, no mínimo;

  • Usar acessórios como chapéus, bonés, óculos;
  • Usar roupas com proteção ultravioleta UVA e UVB;
  • Transitar de carro com os vidros fechados;
  • Não fumar;
  • Evitar a exposição constante a fuligem e fumaça;
  • Observar regularmente a própria pele à procura de sinais suspeitos;
  • Consultar o dermatologista regularmente para um exame completo. A periodicidade das consultas deve ser definida pelo médico, de acordo com as condições clínicas do paciente.

 

Fontes:

Instituto Nacional do Câncer – INCA

Sociedade Brasileira de Dermatologia