A campanha de cessação do tabagismo de 2020, coordenada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), tem por objetivo alertar a população brasileira sobre o  hábito de fumar  como fator de risco para transmissão do coronavírus e para o desenvolvimento de formas mais graves de Covid-19, incentivando assim que fumantes parem de fumar e desestimulando também a iniciação do consumo de produtos de tabaco por crianças, jovens e adolescentes.

O consumo do tabaco e seus derivados mata cerca de 8 milhões de indivíduos a cada ano no mundo, incluindo os casos relacionados ao tabagismo passivo (OPAS, 2019). No Brasil, estima-se que 438 pessoas morrem por dia em decorrência do consumo do tabaco. Além de todas as doenças provocadas pelo tabagismo já conhecidas, o INCA publicou uma Nota Técnica associando o tabagismo ao novo coronavírus. A nota apresenta os fatores que contribuem para a constatação de que o tabagismo pode ser considerado um fator de risco para o contágio e para as formas mais graves da Covid-19.

“Fumantes podem ser mais vulneráveis à infecção pelo novo coronavírus, pois o ato de fumar proporciona constante contato dos dedos (e possivelmente de cigarros contaminados) com os lábios, aumentando a possibilidade da transmissão do vírus para a boca. O uso de produtos que envolvem compartilhamento de bocais para inalar a fumaça — como narguilé (cachimbo d´água) e dispositivos eletrônicos para fumar (cigarros eletrônicos e cigarros de tabaco aquecido) — poderia também facilitar a transmissão do novo coronavírus entre seus usuários e para a comunidade. “

“Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o tabagismo aumenta o risco de complicações de dezenas de doenças, em especial, as cardiovasculares isquêmicas, infarto do miocárdio e derrame cerebral, doenças respiratórias (bronquite e enfisema) e diversos tipos de câncer.”

Além disso, o tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo. Por esses motivos, os fumantes têm maior risco de infecções por vírus, bactérias e fungos. Fumantes são acometidos com maior frequência de processos inflamatórios e infecciosos como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose. Por isso, é possível dizer que o tabagismo seja fator de risco isolado para a Covid-19 e agravante da doença, devido a um possível comprometimento da capacidade pulmonar. Sendo assim, o fumante possui mais chances de desenvolver sintomas graves da doença.

“Diversas pesquisas identificaram que entre os pacientes com pneumonia por Covid-19, as chances de progressão para formas mais graves da doença, com insuficiência respiratória e morte, foram significativamente maiores em fumantes do que entre não fumantes. Isso acontece provavelmente porque, em geral, os fumantes já apresentam doenças pulmonares ou capacidade respiratória reduzida, além de complicações cardiovasculares relacionadas ao tabagismo.”

Outra questão relevante apontada pela Nota Técnica do INCA diz respeito ao tabagismo passivo. “Pessoas que não fumam, mas moram ou convivem com pessoas que fumam, também sofrem agressões pulmonares que as tornam mais vulneráveis a infecções respiratórias e, possivelmente, às complicações da Covid-19.” Devido ao distanciamento social adotado para contenção do contágio pelo coronavírus, aumentou significativamente o tempo que as pessoas passam dentro de casa e quem fuma nesse ambiente faz com que os demais moradores do lar se tornem fumantes passivos.

“O distanciamento social pode ser associado, por algumas pessoas, como um momento de estresse e angústia. Para um tabagista, o uso de produtos de tabaco pode ser tido como uma “válvula de escape”. Portanto, mesmo com os riscos da relação entre tabagismo e Covid-19, os fumantes podem manter ou, até mesmo aumentar, o consumo desses itens.”

Por outro lado, esse momento de mudanças na rotina também pode ser visto por muitas pessoas como um estímulo para o cuidado com a saúde, incluindo a cessação do tabagismo.

Diante de tantas evidências, para a prevenção contra a COVID-19, além de evitar aglomerações, lavar as mãos com água e sabão ou higienizá-las com álcool em gel, não compartilhar objetos pessoais e manter ambientes bem ventilados, é muito importante incentivar a cessação do tabagismo.

 

Fonte:

Instituto Nacional do Câncer (INCA) - Nota Técnica Dia Mundial sem Tabaco 2020: tabagismo e Coronavírus (Covid-19)