A doença tem como principais sintomas a tosse com ou sem secreção por mais de três semanas, febre baixa geralmente à tarde, sudorese noturna, cansaço excessivo, falta de apetite e perda de peso progressivo. Dependendo do órgão atingido, os principais sintomas podem ser relacionados àquele órgão, como meningite, infecções nos ossos com fraturas, sintomas intestinais, lesões de pele entre outras. Pode, raramente, comprometer mais de um órgão simultaneamente.

A forma pulmonar da tuberculose, além de ser a mais frequente, é também a mais importante pois é a principal responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença, que ocorre de pessoa para pessoa. As formas extrapulmonares ocorrem mais frequentemente, mas não necessariamente, em pessoas com alguma deficiência imunológica, como já salientado.

Qualquer um pode contrair a doença, mas pessoas com baixa imunidade, diabéticos, as que convivem com doentes com tuberculose, indivíduos em situação de rua ou privados de liberdade estão entre os grupos de maior risco de adoecimento.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a tuberculose é a doença infecciosa com a maior incidência de mortalidade, tanto em jovens como adultos, ultrapassando as infecções por HIV/AIDS e outras doenças infecciosas conhecidas, como as meningites, a dengue, as pneumonias, entre outras. Felizmente, o Brasil vem apresentando queda na incidência de novos casos e na taxa de mortalidade, porém, a enfermidade ainda é preocupante, principalmente nos grupos de com baixo índice de desenvolvimento humano e devido a fatores externos como o alcoolismo, o uso de drogas e o estado nutricional.

O diagnóstico da tuberculose deve ser suspeitado clinicamente em todas as pessoas com tosse não relacionada ao uso de tabaco e com duração acima de três semanas, principalmente se estiver associada com febre no final da tarde ou à noite. A suspeita clínica deve ser confirmada com exames complementares, como a radiografia do tórax o exame de escarro (baciloscopia) e outros testes laboratoriais. A doença é curável e o tratamento é gratuito. Os medicamentos são distribuídos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para o êxito do tratamento, é importante que o paciente tome a medicação de forma regular (todos os dias) e no tempo previsto (mínimo de 06 meses ou mais, dependendo da forma clínica). A maioria dos doentes em uso correto dos medicamentos não transmite mais a doença após 15 dias de tratamento.

Uma das dificuldades no combate à tuberculose é a falta de adesão ao tratamento que, por ser longo e apresentar resultados rápidos, leva muitos pacientes a se sentirem “curados” e a abandoná-lo antes do término. Isso acaba por provocar o desenvolvimento de uma forma da doença resistente aos medicamentos, conhecida como tuberculose multirresistente. Esta forma da doença tem aumentado sua incidência mundialmente e é fator epidemiológico preocupante, principalmente com o envelhecimento populacional.

 A aplicação da vacina BCG em crianças é a principal via de prevenção contra as formas graves da doença. Além disso, manter os ambientes com luz solar e ventilação são medidas preventivas importantes. O contágio também pode ser evitado com tratamento e orientação dos infectados, além de melhorias nas condições de vida da população, já que a enfermidade está associada à pobreza e à má distribuição de renda.

O dia 24 de março foi instituído pela OMS como o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, escolhido por corresponder à data da descoberta do bacilo causador da doença por Robert Koch, em 1882. A data é o marco de uma campanha permanente de mobilização mundial para a luta contra esta enfermidade. Afinal, é fundamental sensibilizar todos os setores da sociedade a respeito da doença, já que o desconhecimento é um dos principais desafios para o seu controle.

Uma doença antiga e atual

A tuberculose é uma das doenças mais antigas do mundo, como a sífilis. Evidências da enfermidade já foram encontradas em ossos humanos pré-históricos na Alemanha e há registros datados de 8.000 antes de Cristo (AC). Por ter causa desconhecida na época, a doença, assim como diversas outras, era vista como um castigo. Essa visão, no entanto, foi desmistificada por Hipócrates, na Grécia em XXX AC. O estudioso mostrou que a tuberculose não estava relacionada com fenômenos extranaturais e passou a denominá-la de Tísica. A expansão da doença mundo se deu com o advento das guerras, que estreitavam o contato entre os indivíduos.

Infelizmente, a tuberculose, embora antiga, não é uma doença do passado. Está em estado de emergência global decretado pela Organização Mundial de Saúde como enfermidade reemergente desde 1993. Segundo estimativas da OMS, cerca de dois bilhões de pessoas estão infectadas pelo Mycobacterium tuberculosis, o que corresponde a um terço da população mundial. Destes, 9 milhões desenvolverão a doença e 2 milhões morrerão anualmente.

 

Fontes:

Organização Pan-Americana de Saúde

Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

Organização Mundial de Saúde

Ministério da Saúde