O Ministério Público (MP) atuou em todo o processo de enfrentamento à covid-19 pelo governo do Estado. Integrou o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES-Minas) e o Comitê Extraordinário Covid-19 para acompanhar as discussões e ações do poder público na capital e no interior. De acordo com o promotor Luciano, sempre foi defendida a posição de que cabia aos gestores e autoridades sanitárias o protagonismo das ações realizadas.

Foram várias frentes de atuação até chegarem os desafios da imunização. “Acompanhamos todas as discussões jurídicas referentes ao movimento antivacinas e quando chegou a vez das crianças, o problema ficou mais evidente. A meu sentir, a vacinação infantil sofreu mais resistência devido à insegurança causada por informações distorcidas e pelas fake News”, afirma Luciano.

Campanha de vacinação infantil

Como defensor da saúde e dos direitos das crianças e da coletividade, o MP lançou a campanha de incentivo à vacinação infantil “Bora Vacinar”. “Diante da resistência do público, entendemos que o MP, como um órgão de controle e independente, poderia usar sua credibilidade para atuar como uma fonte confiável de informação à população”, explica o promotor.

Para o MP, as vacinas infantis contra a covid-19 não têm caráter experimental. Elas foram aprovadas pela Anvisa e por vários órgãos reguladores internacionais. Além disso, quando as vacinas chegaram ao Brasil já tinham sido aplicadas mais de 8 milhões de doses nos EUA e estudos constataram que, desse total, foram registrados apenas 11 casos de efeitos adversos graves que puderam ser tratados sem evolução para óbito.

Luciano ressalta que a vacina é eficaz e segura e a doença não é negligenciável. Por isso, a campanha veio para mostrar os riscos que as crianças correm diante da covid e a importância de estarem protegidas. “Como pai de três crianças menores de 5 anos, sei o quanto é preocupante a exposição à doença. Por isso, havendo disponibilidade de imunização para a idade delas, vou vaciná-las com toda fé, com confiança nas autoridades sanitárias, nas instituições e na ciência”, conclui.

Análise e perspectivas

Ao avaliar a vacinação contra a covid em Minas de um modo geral, o promotor Luciano aponta como ponto positivo o grande compromisso das instituições envolvidas em fazer a vacina chegar para todos e com agilidade. E de negativo, o fato de ainda hoje termos para as crianças uma cobertura vacinal mais baixa que o esperado.

Luciano acredita que vamos aos poucos voltar à normalidade, com cautela e com a análise constante dos dados. E que passaremos a acompanhar a covid como outras doenças que já são presentes em nosso cotidiano.

Para o promotor, agora é o momento de rever as diversas questões no âmbito da saúde que ficaram negligenciadas por causa da pandemia, além da atenção às sequelas da própria covid. Isso vale tanto para os gestores da saúde pública quanto da saúde suplementar. E completa: “a meu ver, investir em atenção primária é uma saída. E, nesse ponto, tenho que elogiar o movimento feito por autogestões como a Copass Saúde. É preciso, de fato, reforçar a atenção primária - que comprovadamente consegue atender à maior parte das demandas, evitando que os problemas de saúde se agravem - e organizar a oferta e o uso do serviço para garantir atendimento adequado às questões mais complexas.”

Pensando no futuro da vacinação contra a covid, Luciano afirma que, diante de tanta desinformação, é preciso criar estratégias de disseminação de conteúdo que alcancem resultados. “É um desafio da educação em saúde gerar informação de qualidade, fazer essa informação chegar às pessoas e promover a mudança de comportamento.”