Umidade relativa do ar é a quantidade de vapor d’água contida na atmosfera em relação ao total máximo que ela pode suportar na temperatura observada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que os níveis de umidade mais adequados para a saúde humana estão entre 40% e 70%.

 

Habitualmente, nos períodos de longa estiagem, característicos do final do inverno e início da primavera, a umidade do ar cai muito. Já nos dias quentes e chuvosos de verão, a umidade fica mais alta por causa da evaporação que ocorre depois das pancadas de chuva.

 

Variações cada vez mais intensas do clima, com ondas de calor, frio, secas e chuvas fora de temporada, têm acentuado períodos de níveis críticos de umidade relativa do ar, afetando a saúde e a rotina da população.

 

 

 

 

COMO A UMIDADE DO AR AFETA A SAÚDE

De acordo com o pneumologista Frederico Thadeu Campos, coordenador do serviço de pneumologia do Hospital Madre Teresa, o pulmão é o único órgão que tem contato íntimo e permanente com o meio externo. Por isso, a saúde respiratória depende muito da qualidade do ar que respiramos e é a principal afetada, especialmente pela baixa umidade.

 

Ar seco

O ar saudável tem que ser úmido, explica o médico. As principais funções do nariz são umidificar, aquecer e filtrar o ar. Quando está muito seco, o nariz não consegue umidificá-lo como necessário. Ao entrar nas vias respiratórias, o ar seco acaba provocando inflamação, o que predispõe a crises de rinite, asma, bronquite, e deixa a pessoa mais suscetível a infecções virais e bacterianas. Principalmente nos casos de pacientes mais frágeis, como idosos, isso pode acabar evoluindo para pneumonia.

Há também o risco de desidratação. O corpo humano perde água não só pela transpiração e urina, mas também pela respiração. Quando o ar está muito seco, aumenta a quantidade de água que se perde ao respirar.

Outros sintomas associados ao ar seco são dor de cabeça, sangramento nasal, garganta seca e irritada, sensação de desconforto, coceira e irritação nos olhos, ressecamento e coceira da pele e cansaço.

 

Relação entre ar seco e temperatura

A combinação de ar seco e frio é mais crítica para as doenças respiratórias, pois o ar frio inflama a mucosa, facilitando as infecções.  Por isso, historicamente, no inverno aumentam os casos.

Já o ar quente e seco, como temos visto com frequência em muitas partes do país, é menos prejudicial para as vias respiratórias. No entanto, a baixa umidade do ar, associada ao calor intenso, aumenta a sensação de mal-estar, causando dores de cabeça, tonturas, entre outros sintomas.

 

Ar úmido

No extremo oposto, segundo o Dr. Frederico, a alta umidade do ar, em princípio, não é problema para as vias respiratórias. Inclusive é comprovado cientificamente que pessoas que vivem à beira do mar, onde a umidade do ar é sempre elevada, têm menos problemas. Contudo, o mal provocado pela alta umidade é indireto, pois o risco está nos ambientes. Lugares fechados  e com alta umidade tendem à formação de mofo, que é um fungo muito prejudicial à saúde, podendo provocar inflamação das vias respiratórias, com crises de rinite, sinusite, bronquite, asma.

 

QUEM SOFRE MAIS COM NÍVEIS EXTREMOS

Três grupos sofrem mais com as alterações da umidade do ar: idosos, crianças e, principalmente, pessoas com hiper-reatividade das vias respiratórias. Essas pessoas, que correspondem a 20% da população mundial, segundo o pneumologista, são muito vulneráveis aos efeitos do ar seco e também do mofo causado pela alta umidade, sofrendo com inflamações mais frequentes e crises de asma, rinite, entre outras doenças respiratórias.

 

PREVENÇÃO

O Dr. Frederico Thadeu destaca alguns cuidados que são essenciais para evitar o mal-estar e os problemas respiratórios causados pelas variações da umidade do ar:

 Vacinação

A primeira medida preventiva a ser tomada para evitar problemas respiratórios é a vacinação. Especialmente grupos mais vulneráveis não podem abrir mão de vacinas como a antigripal e, dentro das indicações do calendário vacinal, as vacinas contra o pneumococo, para evitar as pneumonias. O médico ressalta que o Brasil tem um dos melhores serviços de vacinação pública do mundo, com imunizantes eficazes e disponíveis, mas ainda boa parte da população não vai ao posto se vacinar.

 

Hidratação

A hidratação é outro ponto fundamental. É importante tomar bastante líquido em dias de ar seco. Contudo, o pneumologista alerta: pessoas idosas, que sofrem de problemas cardíacos ou renais, precisam de orientação médica para a hidratação adequada, visto que o líquido em excesso pode prejudicar as condições de saúde nesses casos. É importante estar bem orientado para evitar tanto a desidratação quanto a hiper-hidratação.

 

Horários adequados para atividade física

A atividade física é sempre essencial, mas é importante observar os horários para realização de exercícios, principalmente ao ar livre, evitando os períodos de sol forte e umidade mais baixa, como das 10h às 16h. Vale lembrar a importância da hidratação durante a atividade física.

 

Umidificação do ar

Para maior conforto em ambientes com ar muito seco, pode-se adotar estratégias para umidificar o ar, como recipientes com água. Em relação a umidificadores de ambiente, não há consenso quanto aos seus benefícios e as opiniões variam.  Contudo, ao usá-los, é preciso atentar para onde o vapor d’água está direcionado para evitar o excesso de umidade em colchões, móveis e paredes, o que pode levar ao desenvolvimento de mofo no local.

 

Atenção à formação de mofo

Em condições de alta umidade do ar, é importante evitar o mofo em locais fechados. Manter o ambiente arejado, com portas e janelas abertas quando não estiver chovendo é a melhor forma de reduzir a umidade. Favorecer a entrada de iluminação natural também auxilia no combate à proliferação de fungos.