Um medicamento comum, um fruto do mar consumido nas férias de verão ou até um perfume novo podem ser desencadeadores de um processo alérgico. O contato com qualquer substância, em especial os medicamentos, alguns microrganismos e picadas de insetos, principalmente nas doenças alérgicas crônicas, são potencialmente  capazes  de provocar reações alérgicas que podem comprometer a qualidade de vida e as condições para o trabalho.

A alergia é uma reação exagerada do sistema imunológico a substâncias externas, com as quais o ser humano entra em contato pelas vias aérea ou inalatória, digestiva ou cutânea. O mecanismo que dispara a alergia é o mesmo usado pelo organismo para defender o corpo de substâncias ou microrganismos nocivos.  

De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), as alergias vêm crescendo entre todas as faixas etárias. Muitas pessoas nascem com uma predisposição genética para o desenvolvimento de alergias, que vão se manifestar ou não, ao longo da vida, dependendo de fatores ambientais e hábitos de vida.

As reações alérgicas decorrentes da exposição aos alérgenos externos são as mais conhecidas e mais frequentes e podem ser divididas, de forma geral, em três grupos principais, de acordo com a fonte do processo alérgico. A natureza ou o local de contato com os alérgenos não guardam necessariamente relação com as manifestações clínicas. Por exemplo: a pessoa pode ingerir um alimento e este alimento ocasionar uma reação alérgica na pele, nas vias respiratórias ou no aparelho digestivo e vice-versa.

As alergias alimentares podem se manifestar com inchaço ou coceira nos lábios, diarreia, vômitos, rouquidão e alterações na pele, que tende a ficar mais sensível, áspera e irritadiça, embora estas manifestações não sejam exclusivas da alergia alimentar.

Alguns alimentos são considerados mais alergênicos do que outros e cada pessoa deve verificar se manifesta algum sintoma, de acordo com o seu hábito alimentar. Para os alimentos industrializados, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é norma que as embalagens contenham os nomes e as quantidades de todas as substâncias, inclusive corantes, conservantes e temperos, para garantir a segurança das pessoas com maior predisposição a reações alérgicas.

As alergias medicamentosas podem provocar efeitos de intensidade variável, desde náusea, vômitos e reações cutâneas como vermelhidão e coceira da pele até reações graves, que exigem tratamento de emergência, como o choque anafilático. O consumo cada vez mais frequente de medicamentos é apontado como um dos fatores responsáveis pelo aumento das reações medicamentosas alérgicas.

As manifestações respiratórias são também variadas, mas o ambiente e o clima (estação do ano) desempenham papel de destaque . Durante o outono e inverno elas apareçam com mais frequência. Rinite e asma são as doenças mais prevalentes. Isso porque o ar seco e frio age nas vias respiratórias como um irritante local, intensificando as reações inflamatórias, muitas vezes já comprometidas em pacientes portadores de rinites, sinusites e asma.

Os sintomas mais comuns das alergias respiratórias são espirros, coceira nos olhos, ouvidos e nariz, coriza, dor e irritação na garganta, falta de ar, tosse e dores de cabeça. Nesse momento de pandemia, é preciso estar atento para não confundir esses sintomas com os causados pela covid-19, que também  provoca febre, o que não é comum nas alergias. Para se proteger, os alérgicos precisam estar com o tratamento preventivo em dia.

Poeira, mofo, ácaros, pólen, pelos de animais são causas comuns de alergia. Por isso, é essencial a manutenção dos cuidados no ambiente onde o alérgico passa a maior parte da sua vida, que é o quarto de dormir. Passar pano úmido e não varrer, evitar tapetes, carpetes e cortinas de tecido, sempre que possível colocar a roupa de cama ao sol e manter o ambiente limpo, arejado e sem mofo podem resolver cerca de 40% dos problemas do paciente, evitando medicamentos desnecessários.

Doenças autoimunes

Quando se fala em reações do sistema imunológico, há que se considerar doenças alérgicas um pouco menos frequentes, mas com potencial de comprometer de forma grave diversos órgãos: as chamadas doenças autoimunes.

As reações autoimunes, em sua maioria de causas desconhecidas, são resultado de uma reação exagerada do sistema imunológico que se dá contra componentes do próprio organismo, sem influência do contato com fatores externos.

Tratamento

Além de se empoderar de conhecimento sobre as condições alérgicas, os pacientes devem procurar assistência médica para serem adequadamente orientados. Raramente são necessários a realização dos testes alérgicos ou médicos especializados em alergia. Estes profissionais são importantes na avaliação das formas mais graves e refratárias, que felizmente não são a maioria dos casos.

 

Fontes:

Associação Brasileira de Alergia e Imunologia

Ministério da Saúde

Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde