Em todo o Brasil, cerca de 14 milhões de pessoas apresentam alguma doença cardiovascular. São 400 mil mortes ao ano, sendo 1.100 por dia ou duas a cada minuto, superando todas as outras enfermidades, como os diversos tipos de câncer, além das mortes violentas e no trânsito.

Segundo o Dr. Eduardo Nolla Silva, cardiologista da clínica Auge, credenciada da Copass Saúde, a doença do coração mais comum é a hipertensão. Além disso, o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC) são os mais preocupantes. Essas doenças estão associadas, principalmente, a histórico familiar e hábitos de vida.

 

 

 

FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS DO CORAÇÃO

Existem os fatores de risco que não podem ser alterados, como a hereditariedade, idade, sexo, as cardiopatias congênitas e as doenças metabólicas. Mas o cardiologista explica que os fatores de risco ligados aos hábitos de vida têm um peso muito grande na prevenção e a mudança está nas mãos do paciente. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC, 80% das doenças cardiovasculares são evitáveis com mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico regular.

Obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes, colesterol elevado e a hipertensão são os principais fatores de risco para infarto e AVC. De acordo com a SBC, 40% dos brasileiros possuem colesterol alto, enquanto 30% têm hipertensão arterial e 9% apresentam diabetes.

 

Obesidade

A obesidade é um fator de risco alarmante. Vivemos num país com muita desnutrição, mas a obesidade também é um problema de saúde pública, ressalta o Dr. Eduardo. “Pessoas obesas, principalmente aquelas que não têm acompanhamento médico, não fazem exercícios e/ou fumam têm um grande risco de desenvolver doença cardiovascular.”

 

Tabagismo

Outra questão fundamental para a saúde do coração é evitar o cigarro, inclusive os eletrônicos. O cardiologista afirma que “já se sabe que tem malefícios para o coração e essa, infelizmente, é uma nova batalha que temos pela frente. O cigarro eletrônico está muito difundido, especialmente entre os adolescentes e jovens e acho que vamos demorar a conseguir reverter isso, como foi com o cigarro comum. Pode levar anos para vermos as consequências para o coração dessa nova geração de fumantes.”

 

SEXO E IDADE

Existem diversas teorias que tentam explicar os motivos, mas é fato que as doenças cardiovasculares, como o infarto e o AVC, no geral, acometem mais homens do que mulheres. Vale ressaltar que as mulheres, geralmente, têm menos preconceito em buscar atendimento médico que os homens, que acabam por deixar o quadro se agravar para procurar ajuda. Nos homens, a maioria dos casos ocorrem a partir dos 55 anos e nas mulheres, a maioria das doenças cardiovasculares ocorrem pós-menopausa, em geral a partir dos 65 anos.

Também é fato que quanto mais idosa a pessoa mais suscetível ela fica às doenças cardiovasculares. O Dr. Eduardo Nolla explica que o câncer e as doenças cardiovasculares se tornaram as principais causas de morte das pessoas devido ao envelhecimento da população.  Existem estudos que mostram que um em cada quatro pessoas idosas vai ter um AVC, por exemplo. De acordo com a SBC, estima-se que até 2040 haverá um aumento de até 250% de doenças cardiovasculares no Brasil.

Por isso é importante reduzir ao máximo os riscos. Segundo o médico, a recomendação atual é que as pessoas, já a partir dos 25 anos, mesmo sem histórico familiar de doenças cardiovasculares, mantenham um contato regular com o clínico ou cardiologista.

 

TRATAMENTO

Tão importante quanto evitar os fatores de risco é tratar a doença. A primeira medida a ser tomada é mudar o estilo de vida do paciente. Quando o resultado não é satisfatório é que se torna necessário o tratamento farmacológico.

“O tratamento da doença cardiovascular está sempre em evolução e hoje estamos bastante avançados, especialmente em relação aos medicamentos. As cirurgias e procedimentos cardiovasculares, atualmente, são indicadas para poucos pacientes, que em geral não se tratam ou descobrem os problemas em estágio avançado. Se a gente conseguisse atingir todos os pacientes de forma precoce, com tratamento adequado, as cirurgias seriam algo bem evitável. Mas, infelizmente, a falta de adesão ao tratamento é uma realidade”, afirma o médico.

 

Baixa adesão

A falta de adesão aos tratamentos das doenças cardiovasculares é muito comum e é um dos principais fatores que influenciam no agravamento, desencadeamento de outras enfermidades e até mesmo na mortalidade dos pacientes, de acordo com a SBC. O problema, que foi agravado ao longo dos períodos mais críticos da pandemia de covid-19, ainda persiste e impacta de forma singular no controle de diversas comorbidades.

Segundo o cardiologista, isso acontece tanto com aqueles pacientes que não retornam ao médico na periodicidade recomendada quanto com aqueles que não tomam a medicação de forma adequada. Os motivos são vários. Entre eles, o preconceito daquela pessoa que não quer ser considerada como doente; a falta de sintomas da doença, o que faz com que a pessoa não queira tomar um remédio contínuo por anos para evitar algo que não apresenta nenhum sintoma. Também são motivos os efeitos colaterais de alguns medicamentos e a polifarmácia, quando é necessário tomar muitos medicamentos por dia. A falta de informação adequada também contribui para a baixa adesão aos tratamentos.

 

SINAIS DE PROBLEMAS NO CORAÇÃO

Apesar de silenciosas, na maioria dos casos, até se complicarem, os principais sinais e sintomas das doenças cardiovasculares são dor no peito ou falta de ar, principalmente quando a pessoa faz um esforço físico como subir uma escada, por exemplo, palpitações, ou seja, quando o coração bate num ritmo diferente do habitual, e desmaios.

 

RECOMENDAÇÕES PARA MANTER A SAÚDE DO CORAÇÃO

Para o Dr. Eduardo Nolla, é preciso entender a necessidade de cuidar bem do próprio corpo, que é nosso maior bem. Bons hábitos e atitudes simples são essenciais:

- Atividade física regular - o ideal é que se faça, no mínimo, 150 minutos por semana de exercícios moderados, como uma caminhada mais apressada. Cada pessoa tem sua liberdade para escolher, mas geralmente se recomenda 50 minutos, três vezes por semana ou 30 minutos, cinco vezes por semana.

Manter uma alimentação saudável- é recomendada uma dieta rica em variedades naturais, com frutas, verduras, legumes, carnes, peixes, ou até mesmo uma dieta vegetariana. O mais importante é que seja uma dieta saudável, com alimentos pouco processados, de cores variadas. O que deve ser evitado é o alimento industrializado. Tudo aquilo que vem já pronto do supermercado, como congelados prontos para consumo, tende a ter conservantes, aditivos, realçadores de sabor e aumenta os riscos para as doenças cardiovasculares e até demências.

- Parar de fumar - esta é uma das medidas que mais têm peso como resposta para a saúde do coração. Isso não precisa ser uma luta solitária, pois existem hoje medicamentos, grupos de apoio e médicos especializados para ajudar quem quer se livrar do cigarro.

- Reduzir o estresse - uma vida estressante causa consequências físicas que se agravam com o passar do tempo, principalmente quando se trata do coração. É fundamental investir em momentos de relaxamento e alívio das tensões.

- Visitar o médico periodicamente - a partir dos 25 anos, todos devem ter um clínico ou cardiologista de referência para acompanhar sua saúde e prevenir os fatores de risco como diabetes, hipertensão, colesterol elevado e fazer os exames indicados para cada idade. Para as mulheres, o acompanhamento com o ginecologista também tem esse papel preventivo.

Beneficiários da Copass Saúde podem ter as clínicas do Programa Integração Saúde como referência.